segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O futuro que virou presente

O título é poético, mas o post, infelizmente, não! Quando, em meados de 2005, o escândalo do Mensalão foi revelado eu – e toda população cética brasileira – já sabia que não iria dar em nada, mas no final do ano passado o Supremo Tribunal Federal... Blá, blá, blá! Apareceram os tais Embargos Infringentes e mais blá, blá, blás!
No dia da Proclamação da República, o presidente do Supremo e herói brasileiro, ministro Joaquim Barbosa, determinou a prisão de alguns mensaleiros, fato que já sabemos, portanto, notícia velha e tema do meu mais recente devaneio.
Acontece que o deputado licenciado José Genoino, inicialmente condenado a 6 anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto por corrupção ativa e formação de quadrilha, está prestes a cumprir sua “pena” em prisão domiciliar. Eu sei que o deputado já está fora da Papuda, devido a uma decisão provisória que lhe permitiu ficar no âmago de sua família.
Os defensores dos tais direitos humanos dirão que “o homem está doente, merece ficar em casa” ou que “as cadeias brasileiras são desumanas”. Desumanizados são os que direta ou indiretamente foram prejudicados pelos milhões roubados dos cofres públicos pelos senhores feudais que habitam ou deveriam habitar a Papuda.
Só no Brasil, o país da “justissa” ou da injustiça, que um preso político vira político preso, condenado por corrupção e com direito a aposentadoria paga por nós “contribuintes”. Entre aspas mesmo, até porque quando não estamos satisfeitos com algum serviço oferecido podemos optar pelo seu cancelamento.
Se realmente a política brasileira fosse séria, com deputados honestos e dignos do respeito da sociedade, o “ingenoino” já teria sido cassado automaticamente, conforme decisão do STF. Mas é aquela coisa, se a cassação já tivesse acontecido o deputado não teria direito à sua aposentadoria por “invalidez”.
Sendo assim, no país dos “ses”, o futuro já virou presente e a impunidade impera e imperará. E nós seremos obrigados a pagar a tal aposentadoria de um político ladrão, desonesto, mas que lutou pela liberdade democrática de seu amado país.

Foto: Reprodução/Internet

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

E agora, José?!

Não sou cientista político e, justamente, por isso não vou escrever sobre os desenrolares do Mensalão. Divagarei como um jovem cidadão brasileiro desiludido com o atual eterno cenário da política brasileira.
Reconheço que a decisão do Supremo Tribunal Federal pela “condenação” e ordem de prisão dos mensaleiros nos dá certa esperança, mas esperança não é certeza de mudança. Pode ser, quem sabe, talvez, um dia... É certo que os mandatos expedidos pelo ministro Joaquim Barbosa, no dia da Proclamação desta República, serão um divisor de águas. Pena que regime semiaberto – ou prisão domiciliar, caso a Justiça aceite o pedido do advogado de José Genoíno – não seja a maneira mais correta de dar a Justiça que a sociedade eloquente pediu e ainda pede. Mas é aquela coisa, o Brasil é o país da “justissa”, a justiça errada, com dois ésses mesmo. Dia desses ouvi que só bastava à condenação, mesmo não havendo prisão, pois a biografia dos caras já estava manchada. E eu pergunto: Desde quando cara de pau se importa com biografia?
O ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses de prisão, deu uma de “Conceição”... Ninguém sabe, ninguém viu como diz aquela música imortalizada por Cauby Peixoto, de autoria de Jair Amorim. O advogado do foragido disse que ele foi pra Itália. Pizzolato, que é cidadão ítalo-brasileiro, segundo “O Estado de S. Paulo”, fugiu pela fronteira do Paraguai, há mais de 40 dias. Mas tem a extradição! Será?! Eu não acredito que isso aconteça até porque a Itália ainda não esqueceu o caso de Cesare Battisti. Condenado no país europeu à prisão perpétua por terrorismo, o italiano fugiu para o Brasil, antes de ser extraditado pela França, e foi inocentado, digamos assim, pelo STF em 2011.
Utilizando de forma leviana uma obra do mestre Drummond, vos digo: “E agora, José? A festa acabou (...) você que é sem nome, que zomba dos outros (...) Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?”.
Talvez o irônico desta história toda seja o nome do lugar em que os detentos estão: Presídio da Papuda. No meu tempo de colégio, os mentirosos eram chamados de papudos, partindo desta lógica, papuda seria mentira?

Foto: Reprodução/Internet