segunda-feira, 6 de junho de 2011

“Túnel do Tempo”: Senado apaga e recupera impeachment de Collor


Na semana passada, o Senado sofreu um lapso de memória na inauguração da reformada galeria “Túnel do Tempo” que mostra painéis relembrando, com textos e imagens, os fatos que marcaram a história do Brasil e do Senado.
Uma das principais histórias da memória deste país havia sido “apagada” do corredor, quando um painel com fotos panorâmicas das manifestações populares pedindo o impeachment do então presidente Fernando Collor foi substituído por outros fatos históricos como a aprovação do tratamento gratuito para portadores de HIV, da Lei de Responsabilidade Fiscal, do Código de Trânsito e do Estatuto da Micro e Pequena Empresa. O painel em questão mostra os acontecimentos entre 1991 e 2011, retratando a aprovação destas leis, que ocorreu em 1997 e 1999, mas esqueceu do governo Collor, de 1990 a 1992.
Em nota, sobre o esquecimento, a assessoria do Senado informou: “Os fatos históricos da mais antiga Casa legislativa do país são narrados em dezesseis painéis, com textos e imagens, seguindo a linha cronológica da história do Brasil desde 1822. A partir da Constituição de 1988, a opção dos historiadores foi destacar os fatos marcantes da atividade legislativa. O foco da exposição é mostrar a produção legislativa do Congresso Nacional. A discussão e aprovação das leis é a essência do que faz o parlamento como poder republicano”.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse: “Talvez esse episódio seja apenas um acidente que não deveria ter acontecido na história do Brasil. Não é tão marcante como foram os fatos que aqui estão contados, que construíram a história, não os que de certo modo não deveriam ter acontecido”. Coincidentemente, Sarney é beneficiado pela amnésia de seus eleitores... Realmente fato que não deveria ter acontecido.
Em se tratando de política, ou melhor, políticos, o povo brasileiro e os homens de Brasília sofrem, ou não, com a falta de memória. História é história, não pode e não deve ser modificada, principalmente quando o personagem é o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Além de ter sido expurgado do Palácio do Planalto, o homem – usando a linguagem popular – passou a mão no dinheiro dos poupadores. Muitos deles morreram e muitos ainda correm atrás do suado dinheiro guardado que simplesmente sumiu a partir do dia 16 de março de 1990. A história é feita de memória, coisa que por algum motivo desaparece quando o povo brasileiro vai às urnas e se esquece dos escândalos, das promessas não cumpridas e das maracutaias financeiras.
O Senado se esqueceu, mas tão rápido relembrou e voltou o painel ao seu devido lugar para contar a história do Brasil aos visitantes do Congresso Nacional. A população alagoana parece ter sofrido com o mesmo lapso. Depois de ter feito um governo nacional medíocre, para não dizer coisa pior, o senhor Collor foi eleito – com mandato até 2015 – como senador da República, em 2006, se candidatou ao governo daquele estado em 2010, mas devido à recuperação memorial da população, o ex-presidente não chegou ao segundo turno – disputado entre Ronaldo Lessa (PDT) e Teotônio Vilela Filho (PSDB), este reeleito.

Foto: Agência Estado

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