quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

VAI-VAI


“A Música Venceu!”

Ao escolher contar a vida de João Carlos Martins em forma de enredo, o Vai Vai enaltece um dos mais festejados intérpretes da música erudita em nossa história contemporânea.
Prestar essa homenagem é revelar este extraordinário pianista e maestro, motivo de orgulho, exemplo de determinação, superação e coragem para a grande massa popular que atinge um desfile de Escola de Samba, bem como é a nossa contribuição cultural para o Brasil e o mundo.
Mostramos sua trajetória de glórias como se fosse uma sinfonia e seus movimentos, permeada pela emoção que revela a cada parte o “allegro”, o “andante”, o “adágio” e o “largo”, valendo-se ainda de outras modalidades da música clássica para contar a história, paixões, vitórias e dissabores vividos por este grande artista brasileiro.
Na verdade, é uma sinfonia inacabada, pois a cada dia, João Carlos Martins nos surpreende com sua força de vontade e talento, nos brindando com belas apresentações acompanhado de suas orquestras.
Pisamos a avenida, como quem adentra ao palco de um teatro sob o brilho feérico da ribalta. Cada cantar, cada passo, cada batida, altos e baixos, são notas e tons de uma partitura que se compõe agora em forma de samba, bem mais do que isso, é nossa emoção, nosso coração pulsando, com a mesma garra, o mesmo espírito de luta para superar todo e qualquer obstáculo, é nosso orgulho dizer que a música venceu!

SINOPSE:

Vai! Vai! Divina música, encantar minha escola, inspirar seus poetas com sua poderosa energia; vai e escreve assim, este enredo em partitura, nos leva em sons nessa aventura, a encher o ar de melodias.
Traz do Olimpo, a chama que fulgura, a carruagem de luz que acende a mente dos artistas, tange a lira do delírio da festa mágica da alegria e com seu néctar, vem ungir os pés desses sambistas.
Faz ecoar no vento aos quatro cantos, esse canto em samba e poesia, que percorre em branco e preto, as teclas da história de um artista, que ao piano trilhou o seu destino e dele fez assim a sua lida, com mãos de dedos mágicos e divinos, que pôs-se a tocar sua luta pela música e pela vida.
Torna esta avenida o palco, a pauta onde se compõe a sinfonia, em notas que se juntam a contar uma vida e seus movimentos, a saga das mãos de tantas conquistas. Mãos de menino, pequeno príncipe em seu pequeno mundo, de brincadeiras e sonhos; no “allegro” da terna infância, pés e mãos a dividir paixões: bola e piano, pés no chão, mãos à obra, razão e emoção, uma que o faz pisar a terra, outra que toca o céu e o coração.
Que se faça resplandecer hoje, esse seu universo mágico e brilhante, do planeta bola e de tantas estrelas cintilantes, que reluzem inspirações a mente, que refletem nas mãos ávidas, carentes, a vontade de aprender sempre mais.
Descortina a odisséia triunfante, ante a obstinada sede de vencer, como clave de sol a raiar a aurora, como notas a passear na escala, “andante” a brilhar sua aura suave, a voar como ave por esse mundo afora.
Nas asas da liberdade, faz então a viagem, como o som, em velocidade que se propaga pelo ar, nas trilhas que se abrem através dos continentes, ascendendo ao auge como vésper no amanhecer radiante, na cena aberta dos palcos da vida itinerante.
Persegue o sonho, seu caminhar errante, nas terras do norte distante, a tropeçar na saudade, na pedra posta em seu caminho, que atrás da bola, sua alma de eterno menino, leviana e súbita o fez cair ao chão, na armadilha do destino, rompendo esse elo divino que unia seu mais precioso sentido à sua mais pura emoção.
Revela-se então, a sofrida trajetória, do idílio ao avesso de tormenta, no “noturno” “adágio” que se apresenta, num pesadelo inclemente, a batalha implacável contra a mão indolente e a vontade titã que pulsa no coração ardente, clamando com a força de um gigante a acender a chama da paixão que avante, transpõe a muralha imponente pra música vencer novamente.
Nesse “poema sinfônico”, como frenética “rapsódia” a desafiar-se constante, inventa formas na superação a cada instante, erguendo a alma do artista; ante ao corpo doente e nas “tocatas” da vida, segue seu rumo adiante, na “fuga” do seu destino atroz, de cada nota, uma lágrima que ao teclado escorre, na expressão feroz do suor, do sofrer contido, a banhar seu rosto sob as luzes da ribalta, onde a dor ecoa como “dó sustenido”.
Mas o amante indomável da música, cisma, segue a cumprir sua saga, qual “Dom Juan” a seduzir em sons, corações e ouvidos e na sua mente, a obra de Bach, a chama que não se apaga a consumir todos os seus sentidos, ainda que perfeição de outrora, jaz agora nas veias que correm nos seus dedos enrijecidos.
Viver e sofrer é a rima, a sina, o sonho, a “sonata”, solo de seu instrumento, sua guerra fria ao teclado, entre o querer e o poder, compasso do destino, tempo, longo e longe, que o leva distante, à sorte, sortilégio cigano, derradeiro golpe, que cessa, interrompe.
E num acorde interminável a melodia estanca, se arrasta torturante e triste, quando já não se ouve som, onde já não há movimento, como quem ainda ampara a frágil chama. No limiar das cinzas, renasce a fênix, luxuriante à mente ao se iluminar incandescente onde a paixão se ergue, se inflama e abre suas asas como um sorriso “largo”, com a força e vontade de um adolescente, que revive, rebrilha, como rei, régio, regente!
A saga das mãos continua a nos ensinar uma lição de vida, um exemplo de força e talento. Hoje a Vai Vai é uma orquestra a tocar esta sua sinfonia, obra prima, viva, notas da vida que seu destino escreveu, neste palco iluminado esta “cantata” clama:

A música venceu!
Bravo!
João Carlos Martins!

Alexandre Louzada – Carnavalesco

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