domingo, 10 de junho de 2012

CRÍTICA de CINEMA

Madagascar 3: Os Procurados


Em 2005, recém-saída do sucesso absoluto de ‘Shrek’, a DreamWorks começou a investir em animações que não agradassem somente as crianças, mas também os adultos que as acompanhavam. Era a linha inteligente de pensamento da Pixar, mas ainda muito aquém da concorrente. Com o tempo, a DreamWorks foi se consolidando em animações, ora sucessos, ora fracassos. Depois de afundar a franquia ‘Shrek’ com dois filmes sofridos, o estúdio começou a procurar novas soluções, como dar sequência à sua outra franquia de sucesso: ‘Madagascar’. E acertou em cheio. O diretor e roteirista Eric Darnell conseguiu criar uma história inteligente para reunir mais uma vez o leão, a girafa, a zebra e a hipopótamo.
Alex (Ben Stiller), Marty (Chris Rock), Gloria (Jada Pinkett Smith) e Melman (David Schwimmer) estão decididos a voltar para o Zoológico do Central Park em Nova Iorque. Deixando a África para trás, eles pegam um desvio e emergem, literalmente, na Europa — em uma caça aos pinguins e chimpanzés que quebraram a banca de um cassino de Monte Carlo. Logo os animais são descobertos pela obstinada agente de controle de animais Francesa, Capitão Chantel DuBois (Frances McDormand), que não gosta de animais de zoológico andando pela sua cidade e está entusiasmada pela ideia de caçar seu primeiro leão! Os animais encontram o esconderijo ideal em um circo itinerante, onde bolam um plano para erguer o circo, descobrir alguns novos talentos e voltar pra Nova Iorque com vida.
O quarteto principal consegue novamente conquistar o público, mas o destaque vai para as novas adições e os coadjuvantes. Quem rouba todas as cenas, novamente, é o Rei Julien - na voz de Sacha Baron Cohen no original, e do brilhante Guilherme Briggs na versão dublada. Sua história é traçada paralelamente à trama principal, e é a melhor: ele se apaixona pela ursa Sonya, uma "top-model" fofa e peluda, que conquista o público sem ter sequer uma fala. Todas as cenas que a dupla aparece são esplêndidas.
Os coadjuvantes seguem roubando a cena nos cassinos de Monte Carlo, onde os pinguins e chimpanzés bolam um plano mirabolante para enriquecerem, que acaba não dando certo e servindo como desculpa para uma grande cena de ação com belíssimas paisagens. Das novas adições, destaca-se o fofo leão marinho Stefano – que não sabe pronunciar nomes direito – e a vilã cantora DuBois – apresentada em um número musical de tirar o fôlego com Non, Je Ne Regrette Rien.
A história se encerra com uma lição de moral – como de praxe – sobre o verdadeiro lar. E é claro, não poderia faltar a canção ‘Eu me Remexo Muito’, agora ainda mais dançante e com um toque circense – Afro circo. Avançando na qualidade em relação aos dois filmes anteriores, ‘Madagascar 3 – Os Procurados’ é um filme para toda a família, que vai fazer rir da menor criança ao adulto mais mal-humorado. Assista em 3D!

(Renato Marafon)


Deus da Carnificina


A premiada peça de teatro da dramaturga francesa Yasmina Reza, Deus da Carnificina chegou aos palcos brasileiros sob a direção do ator Emilio de Mello e com Deborah Evelyn, Julia Lemmertz, Orâ Figueiredo e Paulo Betti no elenco. O espetáculo fez sucesso e retornou em cartaz na cidade do Rio de Janeiro depois de anunciada a produção de uma adaptação da mesma peça para o cinema. Tal adaptação se trata da obra homônima dirigida pelo cineasta Roman Polanski, desta vez o casting é composto pelos oscarizados Christoph Waltz, Jodie Foster e Kate Winslet; e o indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante John C. Reilly.
A trama gira em torno de dois casais que se encontram após seus filhos se envolverem numa briga e um deles acertar um bastão no rosto do outro, fazendo com que este perca seus dentes. A conversa - inicialmente - racional e civilizada vai perdendo controle na medida em que os casais expõem suas crenças, ideias e acontecimentos anteriores ao incidente. Palavras e fatos (como a libertação de um hamster, o uso de uma palavra a desgosto de um dos casais) , que a princípio não teria nenhuma importância tomam proporções imensuráveis sendo a causa e o desencandeio de inúmeras discussões. Um grande evento cartático, envolvendo não apenas o conflito entre as crianças, mas também os relacionamentos dos casais.
Polanski imprime na tela toda a sua experiência e visão artística. Seu talento como cineasta fica visível nos créditos iniciais do filme, onde ao fundo é mostrado como ocorreu a tal briga , evitando deixá-lo em primeiro plano durante a exibição dos nomes dos realizadores. Então, os espectadores são apresentados aos pais das tais crianças, os casais Cowan (Waltz e Winslet) e Longstreet (Reilly e Foster). Na escalação dos atores, houve - da parte de Polanski - sensibilidade, uma vez que cada ator atribuiu suas melhores performances nos personagens. A teatralidade do texto original não se perde. Uma vez que fica claro para os espectadores o conflito entre os personagens. O ridículo e absurdo tomam lugar no auge do conflito, mostrando um crescente na construção dos personagens e na visualização da misè-en-scene. Deus da Carnificina respeita a teatralidade da peça e age como uma lente de aumento no talento do cineasta Polanski e do elenco.

(Thais Nepomuceno)


Para Sempre


Rachel McAdams pode ser considerada a atual rainha dos romances hollywoodianos. Mesmo quando erra em suas escolhas de filme, ela se sai bem. Estrelou o ótimo ‘Diário de uma Paixão’ – romance preferido de 8 entre 10 pessoas – e o ruim ‘Te Amarei para Sempre’; entre vários outros. Em ‘Para Sempre’, McAdams volta a brilhar, em uma produção que pode até agradar aos fãs do gênero, mas não tem grandes ambições.
Paige e Leo (McAdams e Channing Tatum) é um feliz casal recém-casado cujas vidas são transformadas por um acidente de carro que deixa Paige em coma. Ao acordar com uma perda de memória severa, Paige não se lembra de Leo, mas apenas da confusa relação com seus pais (Sam Neil e Jessica Lange) e do ex-noivo (Scott Speedman) por quem ela talvez ainda sinta algo. Apesar destas complicações, Leo luta para conquistar seu coração novamente e reconstruir seu casamento.
Com uma história bastante interessante e baseada em fatos reais, falta um roteiro no mesmo nível – o enredo é lento e preguiçoso, deixando todo o trabalho de convencimento e química para a dupla protagonista. A trama parece ser adaptada dos melosos romances de Nicholas Sparks, mas não é. Trata-se da adaptação do livro escrito por Kim e Krickitt Carpenter, baseado nos relatos reais do casal.
Enquanto McAdams e Tatum tentam o melhor para convencer o público daquele romance – os coadjuvantes ficam perdidos e entregam atuações fracas, ainda mais levando em conta seus currículos. Sam Neill está totalmente canastrão, enquanto a perfeita Jessica Lange parece totalmente perdida. Scott Speedman tem seu personagem mal definido pela trama, e entrega uma atuação morna.
Com uma direção insegura de Michael Sucsy (do ótimo ‘Grey Gardens’) e cheio de clichês mal resolvidos e cenas piegas, o romance não consegue engatar e fazer jus à interessante história real. ‘Para Sempre’ é um bom programa para casais apaixonados, mas não é um ‘Diário de uma Paixão’; assim como Channing Tatum não é um Ryan Gosling.

(Renato Marafon)

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