quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

UNIDOS DO PERUCHE


“Abram-se as cortinas! O espetáculo vai começar. 100 anos de Theatro Municipal de São Paulo. A Peruche vai apresentar! Bravo! Bravíssimo!”

PROTOFONIAS

ABRAM-SE AS CORTINAS!
Abram-se as Cortinas! O Espetáculo Vai começar!
É a Unidos do Peruche que através da sua voz popular um século do Theatro Mvnicipal vai apresentar.
Sambando, cantando, representando e contando...
Lá vem a Peruche com seu tema... Do erudito ao popular vai fazer toda platéia delirar.
É pura arte...
São óperas, danças, espetáculos teatrais, cantorias, sinfonias e concertos que a Peruche nessa avenida vai descortinar.
É passado, presente e futuro...
Da ”Praça Ramos de Azevedo” a “Praça das Artes” nosso espetáculo vai começar!

1º ATO

LUZ! DIVINA LUZ! THEATRO MVNICIPAL DE SÃO PAULO UM SONHO DE MODERNIDADE O TEMPLO DAS ARTES
Luz! Divina Luz!
Iluminado nascia o Theatro Mvnicipal...
Era “Apolo” e suas nove musas que dos céus ali pairava com sua carruagem iluminada para inaugurar mais um “Templo de Arte” Era como se um intenso brilho solar irradiando alegrias e felicidades ali despontasse.
Luzes! Muitas Luzes!
Em meio a tanta luminosidade ele nascia numa cidade ainda caipira e brejeira sobre a força econômica da cultura cafeeira.
Iluminado por novas idéias, eis que surgia no Vale do Anhangabaú um “Templo Sagrado das Artes”. Majestoso e grandioso como uma filial dos templos grego e abençoado pelos deuses.
Um panorama deslumbrante se descortinava...
Nascia em dia de festa e muito burburinho na cidade.
Ao redor daquela maravilha o povo se aglomerava. Deslumbrados todos queriam ver bem de pertinho esse monumento que São Paulo ganhava.
São Paulo estava em ebulição! Damas e cavalheiros elegantemente vestidos em trajes de gala chegavam para esse grande momento.
Muitos landôs, coches e limusines com seus chauffeurs e cocheiros de libré vestidos no melhor estilo traziam personalidades e ilustres convidados.
Acontecia o primeiro congestionamento da cidade...
Maravilhados com tanto luxo, todos iam chegando para uma noite glamorosa.
“Protofonias de Villa-Lobos”, a primeira composição que o Mvnicipal e sua platéia ouviram na noite de inauguração.
O barítono Titta Ruffo e sua companhia deram continuidade ao espetáculo interpretando a ópera “Hamlet” de Ambroise Thomas.
Com sua inauguração abria-se a primeira temporada de óperas no Mvnicipal.
E há quase um século nascia numa noite de muita emoção e fausto o THEATRO MVNICIPAL DE SÃO PAULO. Um momento mágico! Para nunca ser esquecido...

2º ATO

NO MES DO CARNAVAL “SEMANA DE ARTE MODERNA” “PAULICEIA DESVAIRADA” NO MVNICIPAL UM MARCO CULTURAL
Modernismo no Mvnicipal...
Foi em fevereiro de 1922... Quem diria, a uma semana do carnaval...
Valorização de nossas raízes e nossa nacionalidade...
Culto ao nosso folclore. Resgate de nossa cultura. Descoberta de outro Brasil e seu passado artístico.
Com “Paulicéia Desvairada” Mario de Andrade previu um futuro que fez São Paulo e nossa arte se abrasileirarem.
O Mvnicipal de São Paulo – foi o palco desse movimento cultural.
No “Templo Sagrado”: conferências, música, poesia, literatura, exposições de artes plásticas e teatro.
Um mosaico de expressões artísticas apresentados de uma forma como nunca se viu. Um escândalo! Um momento de perplexidade!
No palco, nas galerias, nos salões e corredores tudo acontecendo.
Oswald de Andrade, Graça Aranha, Villa-Lobos, Guiomar de Novaes, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Mennoti Del Picchia, Ronald Carvalho, Brecheret, e tantos mais.
Presságios de um futuro... Inovação...
A platéia boquiaberta pouco entendeu. Muitas críticas e protestos.
Vaias... Aplausos... Gritos...
Tudo aconteceu no mês do carnaval!
Explosão de um movimento cultural que fez surgir uma nova nação.
E o Theatro Mvnicipal de São Paulo palco e testemunho de um dos mais importantes movimentos artístico de nosso país, revelado pelo Modernismo.
A partir de então: São Paulo e a “Arte Brasileira” nunca mais pararam...
A “Paulicéia” ficou cada vez mais “Desvairada” ainda...
E o Brasil e nossa arte solenemente agradecem.

3º ATO

ÓPERAS E SUA TEMPORADA DE OURO - 1951
Ao longo de quase um século o Theatro Mvnicipal de São Paulo, recebeu as mais famosas companhias mundiais do universo da ópera e suas estrelas.
De inicio as italianas... Depois... Francesas, nacionais, russas e wagnerianas...
Apresentando: “La Traviatta”, “Hamlet”, “Aída”, “Lá Bohème”, “Rigolleto”, “Tosca”, “O Guarany”, “Madame Butterfly”, “Il Trovadore”, “Carmem”, “Tristão e Isolda”, Barbeiro de Sevilha... E assim vai...
Autorias: Giussepe Verdi, Arturo Puccini, Richard Wagner, Gioachino Rossini, Carlos Gomes, Georges Bizet...
Cantando: Bianiamino Gigli, Gabriela Besanzoni, Maria Callas, Tito Schipa, Enrico Caruso, Assis Pacheco, Renata Tebaldi, e inúmeras vozes que ecoaram e ecoam pelos salões e galerias do Mvnicipal.
Bidú Sayão, parte importante desta história... A soprano brasileira mundialmente conhecida pelo seu “canto de cristal”, com uma voz que “exercia sortilégios”, conquistou platéias do “Templo Sagrado” paulistano ao se apresentar sempre de forma fenomenal. Momentos inesquecíveis!
Maravilhoso é ouvir na ópera “O barbeiro de Sevilha” Fígaro... Fígaro... Fígaro... A ressoar pelo Mvnicipal a som das mais célebres vozes eruditas.
A platéia aplaudir! E a musa do canto lírico – feliz pelo Mvnicipal existir!
Entreato...
Aproveitando... No “Bar Diana” beber champanhe “Mme Pommery” servido pelas bem trajados garçons e ouvir os tim-tins das taças do mais puro cristal.
De volta... Mais um grande momento desse espetáculo...
1951... A mais importante temporada de ópera na história do Theatro Mvnicipal. No palco: duas estrelas a se apresentar!
Maria Callas e Renata Tebaldi com suas belas vozes a encantar...
Em “La Traviatta” – ópera com enredo baseado na “Dama das Camélias” elas se revezaram dando um toque especial ao interpretar a personagem de vida mundana “Violeta Valery”.
Maria Callas ou Renata Tebaldi? Em verdade nem uma nem outra. Naquela época quem saiu vencedora foi a platéia, pois cada uma delas em suas peculiares qualidades eram grandes sopranos e divas da música erudita. Hoje críticos apontam ser Maria Callas a maior soprano de todos os tempos e Renata Tebaldi a terceira melhor. E o Theatro Mvnicipal de São Paulo e sua platéia foram premiados com esse grande acontecimento e cúmplice das duas...
Uma temporada inesquecível. Um ano de ouro para o Mvnicipal!
Entreato...
Um papo com o Maestro Jamil Maluf, ele sempre tem algo novo para nos contar e apresentar... Surpresas...
Voltando... Alegria! Alegria! Ele anuncia: Tem ópera infantil no Mvnicipal... Com direção do próprio Jamil, “João e Maria” um momento triunfal.
A criançada adorando e viajando num mundo de ilusões. Lotando o Mvnicipal elas se encantam com narrativa das aventuras de dois irmãos perdidos numa floresta
Grandes momentos! Várias companhias, muitas estrelas e notáveis da ópera. Theatro Mvnicipal, presença marcante na cena mundial e muitas contribuições há quase 100 anos como um dos mais importantes fóruns brasileiro da arte e no gosto pela ópera.

4º ATO

A DANÇA E A DRAMATURGIA

A DANÇA
Dançando conforme a música o sobre os desígnios de “Terpsícore” (a que adora dançar) - a musa mitológica da dança - o Theatro Municipal de São Paulo foi cúmplice de vários bailarinos e suas companhias de dança.
Foi parceiro da “divina loucura” de Nijinnsky. Acolheu e aplaudiu a “divina dama da dança” Margot Fonteyn, a melhor e última grande bailarina de estilo clássico.
Apreciou e viu Nureyev flutuar como se pássaro fosse, através de suas piruetas. Foi ao delírio com bailarina Isadora Ducan – intitulada “a grande evocadora dos gestos e pose”.
Em seu palco dançou ainda: Anna Polowa, Maurice Bejart, Maria Olenewa, Jose Limom, Mikhail Baryshnikov, Ana Botafogo e uma legião de bailarinos.

Quando São Paulo fez 400 anos, lá estava o Mvnicipal participando com a criação do “Ballet do IV Centenário”, integrado totalmente por bailarinos, direção coreográfica e cenógrafos brasileiros.
A brasileira Márcia Hayddè, a frente do Ballet alemão de Stuttgart, foi motivo de orgulho em suas perfeitas apresentações.
Através das diversas companhias e uma diversidade de artistas que por ali bailaram pode-se apreciar inúmeros espetáculos de rara beleza, dentre eles: “Gavotte”, “A bela Adormecida no Bosque”, “Lago dos Cisnes”, ”Gioconda”, “Giselle”, “Maria Maria” e “Das Terras do Benvirá” dançado pelo grupo brasileiro de vanguarda Ballet Stagium.
Em suas edições o Festival Carlton Dance nos fez conhecer: Michel Clarke, o grupo Momix, L’ensemble e outros. Revelou muitas companhias e novos bailarinos. O grupo de dança de belo Horizonte “Corpo” é uma dessas grandes revelações. Um grande acontecimento ao se apresentar e sucesso até os dias atuais...
O palco do Municipal conheceu de sapatilhas européias aos pés descalços dos índios Xavantes. Através de companhias de Ballets folclóricos: Bolshoi, Berliner, African e outras pode-se conhecer e admirar ritos e tradições de vários países.
Grandes nomes, centenas de bailarinos anônimos, mundo de sonhos, ambições e ilusões. Conhecidos ou anônimos, todos foram aplaudidos em meio à cumplicidade do teatro e o fulgor de platéias de admiradores apaixonados pela arte da dança.

A DRAMATURGIA
O Mvnicipal chega às vésperas de seu centenário conhecendo e experimentando através de seus palcos bastante em termos de dramaturgia.
Testemunho de tudo que passou por ali. Com certeza o Mvnicipal foi o único que não dormiu um instante a cada peça teatral a cada texto tradicional, irreverente ou de vanguarda encenado em seu palco.
Vigilante, irrequieto, não esqueceu nada, e esteve atento a tudo e todos os movimentos teatrais.
Viu Itália Fausta, Dulcina, Cacilda Becker, Procópio Ferreira e Leopoldo Fróes criarem o embrião de um teatro nacional. Em seu ventre morreu o caixeiro viajante e a “Dama das Camélias” que teve nos palco do Mvnicipal como sua principal interprete a estrela internacional “Vivien Leigh”, considerada um monstro sagrado do cinema e do teatro. Sorriu e se divertiu com o irreverente mímico Marcel Marceau – o “Chaplin francês”... E pacientemente esperou “Godot”.
Com o sofrimento de Alaíde em “Vestido de Noiva” texto de Nelson Rodrigues, fez surgir na cena teatral brasileira uma nova história. Um marco e um divisor na evolução do teatro brasileiro.
Tramas Shakesperianas... “Sonhos em muitas noites de inverno ou de verão”. “Escolas de Mulheres” a lá Molière... Espetáculos de instintos “Avarentos”!
Envolvido no “O Feitiço” de Oduvaldo Vianna, a platéia ficou inebriada com “A Margem da Vida” do inglês Tennessee Willians. E foi surpreso que o Mvnicipal viu um “Grito no Ar” de Gianfrancesco Guarnieri.
Público e Teatro - “Dois Perdidos Numa Noite Suja” e perplexos ao assistirem “Navalha na Carne” de Plínio Marcos. Um golpe duplo!
De joelhos aplausos para “O Santo Inquérito” de Dias Gomes.
“Aurora da Minha Vida”, “Dona Doida”, “Bodas de Papel”... Tantos textos montados... Aplaudidos! Reverenciados!
Cacilda Becker, John Gielgud, Maria Della Costa, Clara Della Guardia, Dercy Gonçalves, Raul Cortes, Paulo Autran, Tônia Carrero, Gianfrancesco Guarnieri, Eva Wilma... Um céu de estrelas!
Muitos autores... Textos... Tragédias, comédias, dramas...
Mundo de fantasias... Tramas...
Brilhantismo! Todos... Autores e atores, protagonistas desta história
Viva a arte de representar!
Viva o Theatro Mvnicipal!

5º ATO

A MÚSICA E O FUTURO – PRAÇA DAS ARTES

A MÚSICA
Extraordinárias orquestras, grandes intérpretes e os mais diversos estilos de música ouviram-se no Theatro Mvnicipal.
Do tradicional, ao moderno, sentiu ainda as sensações letárgicas das experimentações da música de vanguarda e contemporânea. Por sua versatilidade e capacidade de experimentações, ele chega aos dias atuais, moderno e atualizado musicalmente.
Grandes intérpretes! Vozes que ecoaram. Orquestras e maestros que emocionaram! “Villa-Lobos, Isaac Karabtchisky, Arturo Toscanini, Leopoldo Stokovski”, Lorin Maazel, Jamil Maluf... Brahms, Chopin, Wagner, Berlioz, Rossini e Lorenzo Fernandes. Sinfonia perfeita de astros! Um sucesso!
Prazer foi ouvir a “cintilante pianista” Magdalena Tagliaferro. Ouvir o piano do gênio Arthur Rubinstein... Nelson Freire, Guiomar Novaes e tantos pianistas mais.
Muito bom foi escutar as obras de Villa-Lobos em várias récitas cantadas nas diversas vozes: da erudita Bidu Sayão a popular Elizete Cardoso; em meio a muita polêmica Elizete quebrava um tabu... “Elizete tu és do Mvnicipal”.
Musica popular brasileira... Cantar... Protestar e encantar...
Diogo Pacheco a comandar... Vinicius de Moraes, Pixinguinha, Edu Lobo, Baden Powell, Francis Hime, Elis Regina...
Canção e poesia. Clementina de Jesus, Milton Nascimento, João Gilberto, Gal Costa, Gilberto Gil... Num era utopia. Era o Mvnicipal em sintonia.
Musica internacional de boa qualidade. Sara Vaughan, Ella Fitzgerald, Ray Charles, James Brow... Jazz em sinfonia.
Grandes Concertos! Mozarteum a garantia...
Ah! Concertos e Orquestras que fizeram e fazem platéias delirar...
Com Jamil Maluf, suas inovações e suas experimentações o teatro mais uma vez conheceu e se permitiu ao inusitado. Tudo bom se ver ouvir... Tudo para encantar!
Em seus acordes o Mvnicipal, viu-se protegido pelos deuses da música e foi afinado com todos os movimentos musicais. Silencioso e reservado permitiu e se permitiu as grandes sensações musicais. Do erudito ao popular ele ouviu e viu: cantar, tocar e reger os mais notáveis nomes da música mundial e brasileira.

PRAÇA DAS ARTES – 100 ANOS DEPOIS OS DEUSES NÃO ESQUECERAM O MVNICIPAL – O FUTURO É AGORA

Reconhecido por um passado e um presente atuante, o THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO, tornou-se instituição tombada pelo patrimônio histórico.
As portas de seu centenário mais uma vez o prestigio e o reconhecimento bate a sua porta em forma de agradecimento por todos os préstimos a arte brasileira.
De novo parece que “Apolo” em sua carruagem iluminada e suas deusas paira sobre o Vale do Anhangabaú para agora presentear esse “Templo Sagrado” por um século de glórias.
De presente ele trás a “Praça das Artes”... Premio que só pode mesmo se uma inspiração dos “Deuses do Olimpo”.
A “Praça das Artes” projeto que será implantado no entorno do teatro, é a certeza de um Mvnicipal potente e fortalecido para muitos séculos. No projeto um novo edifício para os corpos artísticos do teatro. Este prédio abrigará: Orquestra Sinfônica Municipal, Orquestra Experimental de Repertório, Balé da Cidade de São Paulo, Coral Lírico, Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo e Coral Paulistano.
A “Praça das Artes” abrigará ainda o Centro de Documentação Artística. O atual Conservatório servirá como: Escola de Musica e Dança, hoje sem espaço próprio. O salão principal será a sede para o Quarteto de Cordas da Cidade.
“Praça das Artes”... O futuro do MVNICIPAL DE SÂO PAULO já começou...
O futuro é agora...
“THEATRO MVNICIPAL UMA IDÉIA MODERNADE 100 ANOS ATRÁS”
BRAVO! BRAVISSIMO!

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