domingo, 19 de fevereiro de 2012

CRÍTICA de CINEMA

A Invenção de Hugo Cabret


Martin Scorsese é um dos cineastas americanos, que influenciado pelo meio em que vive, imprime na tela uma assinatura singular. Descendente de italianos, sua infância no perigoso bairro Little Italy, em Nova York - repleto de mafiosos, e podem ser vistos em inúmeros filmes de sucesso do diretor, sua realidade foi inspiração em muitos de seus longas. Mas sua nova produção "A Invenção de Hugo Cabret", adaptação de um livro infato-juvenil difere desta realidade.
A aventura inicia com o drama do órfão Hugo, disposto a finalizar um autômoto na esperança de se reconectar com seu falecido pai (Jude Law). E nesta aventura, repleta de engenhosidades do jovem, ele descobre o Papa George (Ben Kingsley) e sua afilhada Isabelle (Chloe Moretz). Para ele, finalizar o autômato é uma esperança de preenchimento da falta de alguém em sua vida. Mas ao finalizar é deparado com uma verdadeira entidade do cinema, o cineasta George Melies. Para quem não o conhece, ele foi o precursor no uso de elementos ilusionistas e de efeitos especiais em filmes. Sua história se entrelaça à aventura do jovem Hugo.
Assim como em “O Artista”, “Hugo” também explora a história do cinema, mas este recorre aos avanços tecnológicos para aprimorar na construção do universo de maquinárias da narrativa. O fato do longa ser o recordista do ano em indicações ao Oscar (somam-se 11 indicações); se deve ao universo incrível, criado por Brian Selznick na literatura- com influência de Melies - e materializado pelo nova-iorquino Scorsese. Com personagens, que com seus dramas interiores (o menino órfão, a menina que não conheceu os pais, o cineasta esquecido, o guarda manco, a florista que perdeu o irmão na guerra...) têm suas ações interrompidas pelas motivações curiosas e pelo fascínio do jovem Hugo. E é com o cinema que eles obtêm a redenção.
Com tramas singelas paralelas, através de personagens que através de suas ações compõem a ambientalização da estação de trem onde Hugo vive; Scorsese cria magia também. Um segmento, com dois personagens flertando, mas com um cachorro entre eles; se torna apaixonante com seu desenrolar. Sem esquecer do drama do cineasta esquecido, com o advento do novo cinema e com a guerra mundial (assim como em O Artista).
“A Invenção de Hugo Cabret” fascina por desvendar o mágico mundo do cinema, através do olhar ingênuo e sincero das crianças. Um filme voltado para o público infantil, mas com um toque especial de Scorsese. E que merecidamente, concorre a 11 prêmios no Oscar 2012. Um novo olhar sob o cinema realizado em seu início.

(Thais Nepomuceno)

Nenhum comentário: