Billi Pig
Falando sobre fé mas com um roteiro muito confuso, atores carismáticos e personagens cômicos, reunidos no subúrbio do Rio de Janeiro, o diretor José Eduardo Belmonte (do excelente 'Se Nada mais der Certo”) apresenta ao público seu novo trabalho, “Billi Pig”. O grande problema do longa é ser muito superficial, não avança nas brechas criadas em nenhum momento, deixando de ser interessante e virando uma confusão projetada na telona.
Uma loucura misturada com um sonho. Assim somos apresentados à trama, Marinalva (Grazi Massafera) tem um sonho de ser atriz e possui um simpático porquinho falante como fiel confidente. Casada com Vanderlei (Selton Mello) que é dono de uma seguradora no subúrbio do rio de Janeiro. Após saber de um acidente com a filha de um mafioso local, Vanderlei resolve pedir ajuda do Padre do bairro (Milton Gonçalves) para fazer o impossível: ressuscitar a acidentada.
Os atores são carismáticos e tentam preencher seus personagens com muito improviso mesmo com os problemas no roteiro. Selton Mello é Vanderlei, um homem sem energia, depressivo em alguns momentos. Pouco inspirado em satisfazer o mulherão que tem dentro de casa, romanticamente falando. Possui uma seguradora de fundo de quintal em Marechal Hermes (RJ). Personagem cômico esse de Selton, quando nervoso, pratica passos de Moonwalker a la Michael Jackson. A cantora e atriz Preta Gil tem uma boa atuação e cumpre bem seu papel para com o filme, bastante natural. Milton Gonçalves tem grande destaque com o seu Padre Roberval, rouba a cena falando expressões em inglês, tira muitas risadas nessa hora. O personagem de Otavio Muller é onde a trama tenta se sustentar, porém, peca na tal da profundidade mencionada. Grazi Massafera é uma mulher com um carisma impressionante e se esforça para tentar dar sentido à sua personagem.
Ser superficial acopla muitas histórias deixando dificuldades de se conectar com o público. Onde o filme é mais profundo? Talvez, quando apresenta a relação conturbada dos protagonistas casados. Quando o jovem suíno começa a falar (Grazi dubla o porquinho) com a protagonista as confusões provocadas por essa estranha situação é o mais profundo que o roteiro consegue ir.
O filme tem alguns momentos inesperados, como: um número musical dentro de um boteco (o diretor é fã de filmes do gênero) e um grande pagode comandado por Arlindo Cruz, regado a muita feijoada. Um fato negativo a comentar: A trilha sonora não se encontra com o filme em momento nenhum!
Mesmo não agradando esse crítico que vos escreve, recomendo a você leitor que vá conferir essa produção nacional nas telonas. Nosso cinema está se arriscando mais, isso é sempre importante de mencionar, às vezes as idéias dão certo outras vezes. Dê uma chance a sua curiosidade e vá aos cinemas a partir do dia 02 de março conferir esse filme. Quem sabe você não gosta, né?
(Raphael Camacho)
Anjos da Noite 4: O Despertar
Muito aguardado pelos fãs da trilogia, o quarto filme da saga “Anjos da Noite” chega aos nossos cinemas no dia 02 de março. A história fraca e a busca pela melhor tomada nos belos olhos azuis de Kate Beckinsale não ajudam muito a fita dirigida pelos suecos Måns Mårlind e Björn Stein.
Na trama, uma guerreira vampira consegue se libertar de uma organização mal intencionada após 12 anos em cativeiro gelado. No lugar do único homem que amou ela encontra uma menina com os olhos dele. De volta à vida, tem que se preparar para uma guerra entre espécies e mais tarde ainda fica sabendo que tem uma filha que não é exatamente somente uma vampira.
A atriz inglesa Kate Beckinsale (que interpretou Ava Gardner em “O Aviador”) tem a difícil missão de ser a protagonista desse duelo entre lobisomens e vampiros. Com a roupa preta bem justa a beleza da artista é bastante explorada. Sua personagem Selene é uma lutadora exterminadora de inimigos, para vocês terem uma idéia, numa cena provoca uma fratura exposta com apenas um movimento. As pistolas duplas (utensílios bastante utilizados durante as batalhas) lembram a famosa Lara Croft.
A breve introdução, sobre a história dos outros filmes da saga, ajuda o espectador a situar-se melhor com o que acontece em cena. Então, respondendo a pergunta de vocês: Não precisa ver todos os outros três filmes para assistir a esse (mas, é sempre bom né?).
O filme é o irmão gêmeo bivitelino de “Resident Evil”. Analisando: futuro cheio de não-seres humanos, potencial bélico aos montes, protagonistas lindas e corajosas, dezenas de baixas de guerra pelo caminho, roteiros confusos e direções contestáveis. São ou não são iguaizinhos?
Baseado na história de Len Wiseman, o pensamento nerd paira no ar, esse longa daria um ótimo jogo para qualquer console de última geração. Em seu desfecho, fica evidente uma enorme deixa para um quinto filme. Vá conferir caso seja fã da nova mamãe vampira da praça.
(Raphael Camacho)
Poder sem Limites
Narrado em primeira pessoa (estilo consagrado após o terror A Bruxa de Blair, no qual a câmera é um personagem da história e representa o ponto de vista do público), 'Poder sem Limites' mostra um grupo de adolescentes – Andrew, Matt e Steve – aprendendo a conviver com misteriosos poderes telecinéticos que eles adquirem após encontrar um meteorito alienígena.
A história é focada na vida de Andrew (Dane DeHaan), um rapaz comum e impopular no colégio, cuja mãe vive acamada e sob efeitos de remédios e o pai é um bombeiro aposentado e alcoólatra. Frustrado por ter sido obrigado a deixar o emprego após um acidente e viver com uma renda que mal dá para pagar os caríssimos remédios que mantêm sua esposa viva, o pai de Andrew desconta no garoto sua má sorte. Por causa disso, o jovem vive fechado em seu mundo particular e, entre uma surra e outra, encontra um passatempo ao adquirir uma filmadora de segunda mão.
O filme começa no momento em que Andrew liga sua câmera e começa a fazer um documentário de sua vida particular, levando seu novo brinquedo onde quer que vá. Seu único amigo é o primo Matt (Alex Russell), com quem costuma sair para o colégio e para algumas festas. Num desses raros momentos de lazer, Andrew conhece Steve (Michael B. Jordan), o aluno mais popular da escola que o convida para filmar uma gruta que ele e Matt encontraram e da qual provem um ruído estranho. Ao explorar a gruta, o trio encontra um meteorito que pulsa e muda de cor quando se aproximam. A câmera sofre uma interferência e desliga. A partir daí, os jovens percebem que adquiriram poderes telecinéticos e começam a usar essas habilidades para se divertir.
Quanto mais usam os poderes, mais suas habilidades se aperfeiçoam. Aos poucos, os rapazes percebem que podem levitar coisas, criar barreiras invisíveis ao redor de si mesmos e evitar que se machuquem e até mesmo voar. Com o tempo, o que parecia ser apenas uma brincadeira juvenil acaba saindo do controle e os jovens terão que arcar com as consequências de seus atos. As personalidades de cada jovem vem à tona no modo como cada um lida com suas responsabilidades, a exemplo do que acontece na vida real. No entanto, o fato de serem jovens e inexperientes e estarem lidando com algo totalmente novo é que faz a situação ser preocupante e, por que não dizer, catastrófica.
O diretor Josh Trank mostra, com muito realismo, a questão do deslumbramento juvenil ao lidar com uma novidade extraordinária. Diferente do que vemos nas histórias em quadrinhos, quem é que resistiria a usar uma visão de raios-X para olhar as garotas nuas no vestiário? Quem é que, se tivesse uma força descomunal, sairia para caçar bandidos ao invés de dar uma surra no valentão do colégio? Ou deixaria de exibir suas habilidades num festival de talentos para conquistar popularidade e simpatia dos colegas?
O filme faz referência a várias produções de super-heróis como X-Men (quando um dos garotos tem seu “momento Magneto”, imaginando a si mesmo como o próximo passo da evolução da humanidade e, portanto, um ser superior que deve ser o “predador” dos outros), o Incrível Hulk (quando a raiva reprimida de tantas surras coloca pra fora um “monstro” destrutivo e irracional) e até mesmo uma luta no centro da cidade que lembra bastante o confronto final do Superman com o General Zod em Superman II (alguns puristas poderão considerar esta declaração uma heresia, mas é apenas uma sensação que este repórter teve durante a exibição do filme). Além, é claro, da ideia implícita de que "grandes poderes trazem grandes responsabilidades", lema clássico do Homem-Aranha. Uma prova de que os garotos (um deles, pelo menos) não estão nem aí para o jargão do aracnídeo é mostrada na cena em que Andrew usa seus poderes para estraçalhar uma aranha. Referência mais clara, impossível!
Se tudo isso foi proposital ou se trata apenas de um delírio nerd deste crítico acostumado a ler quadrinhos desde a mais tenra idade, não dá pra saber. Mas é certo que Poder Sem Limites foi criado para mexer com a sensibilidade de quem está vendo. O fato de ser narrado sob o ponto de vista do câmera já coloca o espectador como parte da história. Isso sim é proposital: o diretor quis que o público pensasse “e se fosse comigo? Será que eu faria diferente?” Em seu primeiro trabalho, Trank conseguiu transportar para as telas com perfeição os dramas vividos pelos jovens: a relação conflituosa com os pais, o desejo de liberdade, bullying, perda da virgindade, mudanças de personalidade e a transformação do menino em homem. Temas pelos quais todo mundo já passou e, por isso mesmo, também são motivos para que o espectador se enxergue como parte da trama.
Exatamente por se prender nessa narrativa realista, a ação demora bastante para engatar. É só na última meia-hora que o enredo sofre uma reviravolta e a situação complica pra valer. Mas essa última meia-hora de filme compensa toda a demora e prova que a lentidão teve uma razão de ser. Afinal, é preciso criar o clima, mostrar que é fácil julgar atitudes erradas e irresponsáveis quando não vivemos todo o contexto da história. Difícil mesmo é estar na pele de quem errou e fazer diferente. Poder Sem Limites é uma crônica da vida que merece ser visto. Não é um filme espetacular, mas certamente você não vai sair do cinema sendo a mesma pessoa.
(Eduardo Marchiori)
Nenhum comentário:
Postar um comentário