domingo, 11 de março de 2012

CRÍTICA de CINEMA

O Pacto


Em um filme confuso, que tenta surpreender (naufragando nesse quesito), o diretor australiano Roger Donaldson (de ótimos longas, como: ‘Efeito Dominó’ e ‘Treze Dias Que Abalaram o Mundo’) reúne um elenco conhecido para contar esse thriller que não deve agradar a maioria do público cinéfilo.
Na trama, um professor do ensino médio vive uma vida feliz e apaixonada com uma musicista loira, muito bonita. Até que um dia a paz e a felicidade deles é abalada. Quando está indo para casa após um ensaio, a mulher é atacada e violentada por um criminoso. Confuso e desnorteado, o marido aceita receber ajuda de um homem misterioso (para uma espécie de vingança encomendada) sem saber direito onde estava se metendo.
Nicolas Cage continua deixando os cinéfilos com dor de cabeça, com filmes que nem de longe lembram clássicos de sua filmografia, como: ‘Adaptação’, ‘Despedida em Las Vegas’, ‘O Senhor das Armas’. January Jones mais uma vez muito fria em um papel, sem saber demonstrar emoção. Já é o segundo trabalho dessa atriz (muito bonita, diga-se de passagem) que seu personagem não consegue passar veracidade, com suas emoções ao público (o primeiro foi em ‘O Desconhecido’). Guy Pearce aparece como o vilão e tenta dar um algo a mais para a embolada história, infelizmente não consegue levar o filme nas costas.
No elenco, nomes conhecidos do público que acompanha seriados americanos.
Harold Perrineau (ex- ‘Lost’) faz o melhor amigo do personagem de Cage, tem importância fundamental para o desfecho da trama. Jennifer Carpenter (do seriado de sucesso ‘Dexter’) aparece muito pouco e tem raríssimas falas, poderia ter sido melhor aproveitada e a história mais focada na amizade com a personagem de Jones.
O grave problema que o longa apresenta é a questão da ‘teoria da conspiração’ evidenciada a cada passagem de minuto da fita. Explicando: de repente todos os personagens que aparecem fazem parte da tal organização (que corre em paralelo do mundo da polícia e da justiça) e não é explicado o sentido dessa irmandade. As informações chegam sem nenhum propósito e o espectador fica refém de uma história sem fundamento. O que muitos amantes da sétima arte temiam acontece: Cage erra de novo!

(Raphael Camacho)


John Carter: Entre Dois Mundos


Com o peso nas costas de iniciar uma franquia para a Walt Disney, chega aos cinemas nacionais o megalomaníaco ‘John Carter – Entre Dois Mundos’, adaptação cinematográfica de 'A Princesa de Marte' (John Carter de Marte), clássico romance de Edgar Rice Burroughs – mesmo criador de Tarzan. A adaptação da história, escrita há 100 anos, é o grande problema da produção. Com um roteiro cheio de furos e passagens que são explicadas superficialmente, a missão do protagonista e seus motivos não convencem e a trama fica embaralhada.
John Carter (Taylor Kitsch) é inexplicavelmente transportado para Marte, onde se vê envolvido em um conflito de proporções épicas entre os habitantes do planeta, incluindo Tars Tarkas (Willem Dafoe) e a atraente Princesa Dejah Thoris (Lynn Collins). Em um mundo à beira do colapso, Carter descobre que a sobrevivência de Barsoom e de seu povo está em suas mãos.
Na contramão do roteiro confuso, a direção de Andrew Stanton ('Procurando Nemo') é magnânima. Com sets gigantescos e efeitos especiais de primeira, o diretor mostra segurança ao dirigir atores de carne-e-osso, e consegue criar cenas mirabolantes e um visual detalhista e convincente. Em muitos momentos, você realmente acredita estar em Marte.
Taylor Kitsch, novo queridinho de Hollywood, consegue provar seu talento. Sem ter grandes personagens no currículo (apareceu brevemente em ‘X-Men Origens: Wolverine’), ele também protagoniza outro blockbuster este ano: ‘Battleship – Batalha dos Mares’. Kitsch tem os dotes necessários para ser um protagonista de ação, e também tem o timing ideal para os momentos cômicos. Sua química com a atriz Lynn Collins – também ótima – salva o relacionamento aparentemente raso.
‘John Carter’ vai ter que suar muito para conseguir trazer lucro para a Disney: o orçamento foi de altíssimos US$ 250 milhões, sem contar nos gastos de marketing, e precisa arrecadar no mínimo US$ 700 milhões mundialmente para não ficar no vermelho.
Apesar de ser um blockbuster visualmente encantador, com uma história que remete aos antigos clássicos do cinema (lembra ligeiramente a saga ‘Star Wars’), ‘John Carter’ peca justamente no que é essencial para o público nos dias de hoje: a história.

(Renato Marafon)


W.E. - O Romance do Século


O vencedor do Oscar de Melhor Filme ano passado, mostrava como o Rei George - na Inglaterra - chegou ao trono e suas limitações vocais para proferir um discurso convincente ao povo. “O Discurso do Rei” deu a Colin Firth o Oscar de Melhor Ator e a possibilidade de mostrar um período histórico na Inglaterra, sob o ponto de vista do personagem. Bertie (Firth) não era o preterido ao trono, e sim seu irmão mais velho Edward, que abdicou para se casar com uma americana divorciada. Mas por que citar “O Discurso do Rei”? Porque o novo filme da pop star Madonna, trata exatamente do romance de Edward e Wallis Simpson.
“W.E.” mostra o outro lado da moeda, mas erroneamente leva o subtítulo de "o romance do século". Na trama, Wally Winthrop (Abbie Cornish) vive um casamento conturbado com William. Uma exposição seguida de leilão dos pertences de Wallis (Andrea Riseborough) e Edward (James D'Arcy), fascinam a jovem nova iorquina no ano de 1998. Paralelo a esta história, a do romance entre a plebeia e o príncipe.
A narrativa fragmenta e entrelaça a vida das duas Wallis. Tal ação se torna maçante, pelo didatismo. Madonna - que também assina o roteiro - , optou por referências atuais ao casal Edward e Wallis Simpson. Como documentários televisionados e a própria exposição com os pertences do casal. As referências do casal na vida da jovem Sra. Winthrop desencandeia uma insatisfação com sua vida e uma busca pelos motivos e frustrações do casal que foi alvo dos ingleses.
As demasiadas comparações das duas mulheres causa cansaço nos espectadores. Madonna também tentou aflorar seu lado cineasta, explorando diversos tipos de enquadramentos das câmeras e diversificadas fotografias. Em determinados momentos, a modificação da fotografia para o preto e branco (mostrando a vida pública do casal Wallis e Edward) imprime um distanciamento na história em um ponto de vista jornalístico e retrô. Mas em outros momentos, alguns enquadramentos e posicionamentos das câmeras são indevidos. Essa exploração das possibilidades técnicas existentes, demonstram uma tentativa de tornar o filme mais interessante do que ele é.
No mais, a trilha sonora supera as expectativas (se tratando de Madonna, este é o quesito que ela deve dominar), orquestrando momentos importantes na história; e com a atuações não tem peso igual a trilha. A tentativa de tornar duas histórias em épocas diferentes paralelas através da edição, foi recurso utilizado em diversos filmes (o recente Julie e Julia fez o mesmo com mais potencialidade). Ainda assim o longa de Madonna não deixa de ser uma referência histórica ao romance de do Duque e da Duquesa de Windsor.

(Thais Nepomuceno)

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