quarta-feira, 14 de março de 2012

O que acontece com o cinema nacional?


Inicio este Ponto de Vista com outra pergunta, além da do título, em relação ao cinema nacional. O que acontecerá com o cinema brasileiro com esta repentina invasão devastadora e errada de cinebiografias? Será um retrocesso ou a sua pura extinção!
Vamos aos fatos reais... O cinema, brasileiro e hollywoodiano, é dividido por fases distintas. No caso de Hollywood, primeiro pela transição dos filmes mudos para os grandes clássicos como “E o Vento Levou...”, “Casablanca”, “Cantando na Chuva”, “Bonequinha de Luxo”, “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, passando por “Os Embalos de Sábado à Noite”, “E.T. - O Extraterrestre”, “Indiana Jones”, “Jurassic Park”, “Titanic”, e os tecnologicamente avançados “Matrix”, “O Senhor dos Anéis”, “Avatar”, “Hugo” e, voltando ao cinema mudo, “O Artista”. Obviamente que existem muitos outros filmes que deveriam entrar nesta lista (e na dos filmes nacionais também), mas serei o mais curto possível.
O meu objetivo ao listar estes filmes é mostrar que nem sempre uma boa história precisa usar e abusar da tecnologia. Os melhores filmes de todos os tempos são aqueles que vão, nesta minha lista, de 1939 à 1993, quero dizer, desde “E o Vento Levou...” até “Jurassic Park”.
Em se tratando do cinema nacional posso listar “O Pagador de Promessas”, “Terra em Transe”, as diversas pornochanchadas, “O Quatrilho”, “O que é isso Companheiro”, “Central do Brasil”, “Cidade de Deus”, “Bicho de Sete Cabeças”, “O Auto da Compadecida”, “Lisbela e o Prisioneiro”, “Olga”, “Se Eu Fosse Você”, “Cabra-Cega”, “Tapete Vermelho”, “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, “Tropa de Elite”, “O Homem que desafiou o Diabo”, “Assalto ao Banco Central” e “Dois Coelhos”.
Entrando no tema principal deste meu Ponto de Vista, as cinebiografias. Sempre tive a certeza de que no Brasil a cada passo dado, dois são regredidos... E, infelizmente, no cinema isso está acontecendo ou está prestes a acontecer, já que esta maldição está pairando no ar.
Nos últimos dez anos, foram produzidos filmes sobre as vidas de Pelé, Zezé di Carmago e Luciano, Lula, e agora querem – e estão produzindo – as cinebiografias de Marina Silva, Restart, Tiririca, Calypso e Luan Santana. Deveriam fazer filmes de pessoas com vidas e histórias interessantes, pessoas que de alguma forma contribuíram para o país ou para a cultura nacional: Tom Jobim, Oscar Niemeyer, Vital Brazil, Santos Dumont, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Tarsila do Amaral, Osvaldo Cruz, Roberto Carlos e outros tantos. A de Silvio Santos está saindo do papel, está aí um bom exemplo de vida.
Lá fora, contaram a história de pessoas que realmente tiveram uma vida para se contar. Édith Piaf foi incrivelmente ressuscitada por Marion Cotillard, Michael Sheen e Frank Langella reviveram o Caso Watergate em “Frost/Nixon”, o rei Jorge VI foi brilhantemente vivido por Colin Firth em “O Discurso do Rei”, e Meryl Streep deu show fazendo Margaret Thatcher.
Temo que esta onda de cinebiografias nacionais atinja Neymar, Adriano, Gaby Amarantos, Latino... Geisy Arruda. E falando em biografias que serão produzidas ou adaptadas para o cinema, virá aí – pelo menos até onde eu sei – o filme sobre a vida de Whitney Houston. Esta história interessantíssima, e triste, deveria ser contada por Eve.

* A foto que ilustra este Ponto de Vista é do filme “Olga”, de 2006, que conta a história de Olga Benário, interpretada divinamente por Camila Morgado

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