Não sou cientista político e, justamente, por isso não vou escrever sobre os desenrolares do Mensalão. Divagarei como um jovem cidadão brasileiro desiludido com o atual eterno cenário da política brasileira.
Reconheço que a decisão do Supremo Tribunal Federal pela “condenação” e ordem de prisão dos mensaleiros nos dá certa esperança, mas esperança não é certeza de mudança. Pode ser, quem sabe, talvez, um dia... É certo que os mandatos expedidos pelo ministro Joaquim Barbosa, no dia da Proclamação desta República, serão um divisor de águas. Pena que regime semiaberto – ou prisão domiciliar, caso a Justiça aceite o pedido do advogado de José Genoíno – não seja a maneira mais correta de dar a Justiça que a sociedade eloquente pediu e ainda pede. Mas é aquela coisa, o Brasil é o país da “justissa”, a justiça errada, com dois ésses mesmo. Dia desses ouvi que só bastava à condenação, mesmo não havendo prisão, pois a biografia dos caras já estava manchada. E eu pergunto: Desde quando cara de pau se importa com biografia?
O ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses de prisão, deu uma de “Conceição”... Ninguém sabe, ninguém viu como diz aquela música imortalizada por Cauby Peixoto, de autoria de Jair Amorim. O advogado do foragido disse que ele foi pra Itália. Pizzolato, que é cidadão ítalo-brasileiro, segundo “O Estado de S. Paulo”, fugiu pela fronteira do Paraguai, há mais de 40 dias. Mas tem a extradição! Será?! Eu não acredito que isso aconteça até porque a Itália ainda não esqueceu o caso de Cesare Battisti. Condenado no país europeu à prisão perpétua por terrorismo, o italiano fugiu para o Brasil, antes de ser extraditado pela França, e foi inocentado, digamos assim, pelo STF em 2011.
Utilizando de forma leviana uma obra do mestre Drummond, vos digo: “E agora, José? A festa acabou (...) você que é sem nome, que zomba dos outros (...) Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?”.
Talvez o irônico desta história toda seja o nome do lugar em que os detentos estão: Presídio da Papuda. No meu tempo de colégio, os mentirosos eram chamados de papudos, partindo desta lógica, papuda seria mentira?
Foto: Reprodução/Internet
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