quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

MANCHA VERDE


“Pelas Mãos do Mensageiro do Axé a Lição de Odú Obará: A Humildade”

Laroiê Exu!

Para todo lado que olho encontro dor e destruição
Vejo águas invadindo a terra e tremores sacudindo o chão matas são consumidas pelo fogo, enchentes castigam o povo.
Tenho muitas dúvidas e também a certeza que minha fé responderá o que acontece com a natureza, pois sou Babalorixá, represento a humanidade, busco no jogo de búzios, resposta para tanta calamidade para isto, invoco o Orixá mensageiro, único e verdadeiro que traduz as palavras do senhor do destino e faço uma pergunta que a resposta nem imagino.
Diga-me com sua sabedoria e franqueza o que fizemos para despertar a ira da natureza?
Num primeiro momento, minha indagação fez o mensageiro gargalhar mas, depois questionou sobre a soberba do homem e começou a relatar…
Queres saber o que está acontecendo?
São meus irmãos que se cansaram e agora estão se defendendo, porém. Vejo que você tem um bom coração, não é um qualquer, és um mensageiro do axé, isto eu pude perceber, por este motivo, você merece aprender.
Me perguntou sobre o jogo de búzios e seu significado. Falei que nossa religião não tem fim, estamos num contínuo aprendizado. Deixei o mensageiro dos Orixás feliz com minha curiosidade e para a minha felicidade, pediu que prestasse atenção, pois me daria uma importante lição, que não desperdiçarei de jeito algum falará da criação do mundo pelo Deus Supremo Olorúm.
O criador viveu no Orun, o espaço infinito trabalhando na mais bela criação, no seu feito mais bonito, um mundo maravilhoso, onde pudesse depositar tudo que tinha de precioso.
Habitará o universo com seu sopro sagrado, e com seus filhos, que sempre estiveram ao seu lado. Poderosos Orixás que tinham nas mãos, algo mais valioso do que qualquer riqueza, pois dominavam todos os elementos da natureza.
Olorum criou o mundo para os homens, mesmo sabendo que cairiam em perdição, pois são seres falhos, fadados a imperfeição, pensando nisso, criou o Orixá responsável pelo destino, que tem a sabedoria como ponto forte conhecedor da vida e da morte, sempre está por perto, quando o homem sente-se perdido, ensina o caminho certo.
Foi abençoado com a eternidade, para absorver sabedoria e ganhar maturidade com sua experiência, aprendeu que no mundo nada é novo, tudo é repetido, podemos viver hoje a mesma situação que outro já tenha vivido, sendo assim, nomeou 16 príncipes para ajudá-lo (foi uma sábia decisão). Batizou-os de Odús e a cada um deles, deu uma missão.
Colecionem histórias de um determinado assunto e deste tema tenha domínio total contem para o máximo de pessoas que puderem, pois isto é fundamental. Desta forma, os homens ficarão atentos e vigilantes, saberão como lidar com a situação que vocês já viveram antes.
Com o passar do tempo, os Odús viraram divindades e continuaram ajudando o Senhor do Destino em suas atividades. Hoje, para consultá-los, só existe um lugar único e verdadeiro, pois eles são representados pelos 16 búzios do tabuleiro. Após ouvir esta bela história, pedi ao Orixá Mensageiro que me desse uma explicação entre os príncipes do destino e os problemas do mundo, onde está a relação?
A sua resposta pesou na minha consciência, disse-me que não tinha terminado a história e pediu-me paciência.
Como os Orixás também são regidos pelos 16 Odús, jogou os búzios no tabuleiro que mostrou que quem me responderá, é Xangô, o Orixá Justiceiro, através de Odú Obará, o príncipe da riqueza e da prosperidade que também tem outra importante qualidade, preste atenção nesta lição de humildade…
Entre os 16 príncipes, Obará era o mais simples e vivia na pobreza diferente de seus irmão que moravam em castelos e esbanjaram riqueza.
Todos os anos, visitavam um Babalaô que tinha grande sabedoria ouviam dele conselhos sobre suas missões e ganhavam presentes de grande valia.
Porém, numa destas viagens, os 15 Odús tomaram uma triste decisão movidos pela vergonha, ignoraram Obará e partiram sem o irmão.
Logo na chegada, o sábio Babalaô, percebeu que algo estava diferente pela primeira vez, não respondeu aos seus questionamentos, pois uma lição tinha em mente ao invés de objetos valiosos, deu a eles abóboras como presente tal atitude deixou os 15 Odús indignados, foram embora sem demonstrar que estavam revoltados.
Na jornada de volta perceberam que o caminho de volta era longo e cansativo lembraram que estavam próximos a casa do irmão e resolveram pedir comida e abrigo e numa atitude digna de um coração bondoso Obará recebeu os seus irmãos, feliz e orgulhoso antes de entrarem na casa, achando que não carregavam nenhuma fortuna deixaram as abóboras de fora (uma a uma).
Falou a sua esposa que preparasse para os visitantes, o melhor alimento ele questionou e disse: se fizer isso, faltará para o nosso sustento. Para acabar com a discussão, pediu que não discordasse, pois era a sua decisão. Depois de alimentados e descansados, os príncipes resolveram seguir em frente deixando para Odú Obará as 15 abóboras de presente.
Feliz pela visita e com a sensação de missão cumprida falou a sua esposa que estava com fome, que preparasse uma comida ela logo avisou, que abóbora foi a única coisa que restou sério, pediu a ela para colocar a água para aquecer “se só temos abóboras, é isto que vamos comer”.
Ao cortá-las, ele teve várias surpresas maravilhosas as abóboras estavam recheadas de ouro e pedras preciosas Obará, se tornou o mais rico entre os 16 Odús, virou exemplo de prosperidade tudo graças a sua humildade, diferente dos seus irmãos que tiveram tudo na mão e não deram valor receberam a lição de Babalaô, que usou de sabedoria e justiça quanta coisa os 15 príncipes perderam em nome da vergonha, da ganância e da cobiça.
Esta história melhorou a minha compreensão, e aproveitando o momento, o mensageiro me mostrou uma outra lição disse que Olorum presenteou a humanidade com a mais valiosa riqueza representada pelos Orixás, regentes das forças da natureza.
O homem ganhou tudo o que pudesse imaginar, mas, infelizmente não soube aproveitar. As palavras do mensageiro foram duras, mas tive que concordar disse-me: Compreende agora porque o mundo está de pernas para o ar?
O homem ganhou presentes de todo o Orixá, da riqueza de Oxum a vida de Oxalá ganhou o corpo de Nanã, o vento de Iansã e o amor de Iemanjá teve nas mãos a riqueza de Oxum, a força de Exú e a perseverança de Obá não deu valor a justiça de Xangô, a esperança de Oxumaré e os segredos de Ewá desprezou os presentes dos Ibejis, de Ossaim, Oxóssi e Obaluaiê o resultado de tanto desrespeito não foi difícil de prever afinal, tudo de ruim que o homem plantou, agora começou a colher ignorou as divindades, achou que o mundo foi criado para o seu bel prazer demonstrou a cobiça e arrogância, usou a natureza com ganância destruiu sem consequência, sem peso na consciência esta falta de respeito, deixou os Orixás revoltados todos os desastres, são um reflexo da forma que foram tratados.
Neste momento, caí em prantos e pedi perdão, pelos erros do homem, culpa da sua imperfeição e aos Orixás por tanto desprezo e destruição por isso, imploro, Agoiê meu pai, me dê um caminho que eu possa percorrer mostre-me o meu castigo, eu aceito a punição, coloque-me na trilha da retidão, pois quero aprender a lição!
O mensageiro faz uma pausa com quem ouve uma instrução e diz quem responde o meu clamor, é o Olorum que percebeu que o amor tocou o meu coração que sou um homem de fé e tenho sede de perdão falou que para reverter este quadro, a humanidade precisa de atitude, pois esta é uma grande virtude disse que sou um mensageiro do axé e que por assumir toda culpa pelos erros da humanidade demonstrei compaixão e amor ao próximo, tive um ato de humildade por isso, não me aplicou um castigo, aceitou o meu perdão e me deu uma única missão, de assumir meu papel, pois do axé sou mensageiro, pediu que espalhasse a humildade pelo mundo inteiro, mostrasse a todos as perdas que a ganância e a cobiça podem causar esta conscientização, ao máximo de pessoas devo passar pois, quem sabe esta situação mude, a humanidade compreenda e tome outra atitude e assim, nossa relação com os Orixás será de harmonia (tenho certeza) e o mundo não sofrerá mais com a revolta da natureza.
“Obrigado Pai, por mostrar o meu caminho e me dar compreensão” com o exemplo de Obará, a prendi a lição, sinto-me fortalecido para cumprir minha missão. Levarei aos quatro cantos a conscientização e a esperança, esta será minha trajetória carregarei este ensinamento no coração e na memória vou espalhar o que aprendi, para toda humanidade. Afinal, a prosperidade provém da humildade.
Aproveitando esta linda lição a Mancha Verde, humildemente, aos Orixás pede perdão e assume o seu papel diante do mundo inteiro de trabalhar por dias melhores e do axé ser mensageiro mostrar a todos que a cobiça e a ganância só trazem destruição onde houver desrespeito com a natureza, levaremos a conscientização.
Lutaremos por um novo tempo de harmonia entre os Orixás e toda a humanidade e assim como o Odu Obará, seguiremos nossa trajetória no caminho da “humildade”.

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