quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
MOCIDADE INDEPENDENTE
"Por ti, Portinari: Rompendo a tela, à Realidade"
Ao escolher Candido Portinari como tema, a Mocidade Independente vem celebrar um dos maiores nomes da pintura brasileira no cinquentenário de seu desaparecimento.
Através de suas mais importantes obras, mostraremos a trajetória deste artista que acima de tudo retratou em seus quadros e murais, a história, o povo e a vida dos brasileiros, através dos traços fortes e vigorosos carregados de dramaticidade e expressão. Esta homenagem escrita em forma de poema é a maneira mais digna
encontrada para festejar este mestre que além de pintar também foi poeta e que entre outras manifestações artísticas soube tão bem ilustrar com seus desenhos os poemas de Carlos Drummond de Andrade, seu grande amigo e parceiro na versão do livro "Dom Quixote de La Mancha", de Miguel de Cervantes.
Por fim é a Mocidade Independente que se orgulha em levar para o desfile um pouco da obra imortal de Portinari ao conhecimento do grande
povo, aquele que sempre foi a sua grande fonte de inspiração.
"Por Ti, Portinari, Rompendo a tela, a realidade"
Num voo mágico, viaja o samba, a conduzir meu povo feliz em seu viajante sonho.
Solto no universo garboso, prosa em verso, na fantasia a se tornar realidade, leva os tambores da felicidade, para despertar o artista na morada celestial.
Ó mestre, ergueis do sono esse quadro vazio. Sua obra vive no cantar de nossa gente.
Põe nas tuas mãos o teu instrumento, tua tela hoje é o firmamento, que a arte se deixa tingir o breu da noite, com um colorido de festa, a aquarela do carnaval.
Vai, reinventa mais um lúdico céu. Pinta por nós a nossa estrela, tu que pintaste tanto a Mocidade, deixa a tua mão deslizar Independente.
Hoje, somos as tintas que envolvem as cerdas do teu pincel, e que, na mistura das cores, por ti, Portinari, rompem a tela para a realidade e brilham no samba de Padre Miguel.
Hoje, uma moldura viva e humana enquadra a tua história na pista, e teu traço se refaz nos pés, no passo do sambista, que vai riscar murais de sonhos e estampar retratos, cena dos Brasis que tu desenhastes.
À luz da inspiração, vem fazer reluzir em nossa mente a cândida infância de tua Brodowski querida, e reflorescer os campos com suor da lida, dos mestiços viris a lavrar a ampla terra.
"Entre o cafezal e o sonho",
vem reunir retalhos e as lembranças coloridas, como as dos espantalhos a oscilar na brisa, serenos sobre as plantações.
Hoje, é um tempo que não passa. Um turbilhão, um vento que sopra, que varre e traz recordações, e que vem
devolver a ti a meninice.
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