A edição 1122 da “Veja” trazia a capa: “O Dinheiro Sumiu”. A edição seguinte tinha como pauta o futuro do Plano Collor. Foto: Reprodução
Dezesseis de março de dois mil e dez. Há 20 anos o maior roubo da história brasileira começava a acontecer. Depois de anos de repressão, em decorrência da ditadura militar, o povo sentia-se mais uma vez pisoteado, desta vez com “liberdade”, nascia o Plano Collor.
Desenvolvido pelo economista e secretário nacional de política econômica, Antônio Kandir, o Plano Brasil Novo foi implementado pelos também economistas Ibrahim Eris, presidente do Banco Central, Luís Otávio da Motta Veiga, Venilton Tadini, Eduardo Teixeira, João Maia e Zélia Cardoso de Mello, prima do presidente da República e empossada ministra da Fazenda no dia anterior ao anuncio do Plano Collor.
Foto: Agência Brasil
Zélia Cardoso de Mello, ministra da Fazenda em 1990. Foto tirada em 2008, durante a comemoração dos 200 anos da criação da pasta.
Liberação fiscal e financeira eram combinadas com medidas extremamente radicais para estabilizar a inflação com o congelamento do passivo público e a restrição do fluxo de dinheiro. A maciça redução da produção industrial e do comércio foi imediata. O PIB caiu de 30% para 9%. A inflação, que à época do anuncio, era de 81% caiu para 9% três meses depois. Em 1989, a inflação chegou a quase 2.000%.
Transmitido ao vivo em rede nacional na tarde de 16 de março de 1990, o anuncio do confisco feito pela prima do presidente tentava explicar a medida, que segundo seus criadores, não penalizaria o brasileiro e faria do Brasil um país mais justo no campo fiscal. Uma medida mal detalhada que além de causar pânico na população que poupava seus Cruzados Novos, poderia ser modificada a qualquer momento para benefício do alto escalão federal.
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Contra fato não há argumento. Realmente a ministra disse a coisa certa, num momento em que o povo tinha pouco dinheiro, e quando chegava aos mercados se desesperava com os altos preços que no dia anterior já estava acima da média, sem entrar no mérito do racionamento.
Quais eram os objetivos da reforma econômica?
– Congelamento por 18 meses de 80% das aplicações financeiras em cadernetas de poupança e contas corrente que fossem superior à NCz$50mil. Tirando o dinheiro de circulação, havia menos pressão inflacionária, devido à menor quantidade de dinheiro disponível para gastar;
– Redução do excesso de liquidez. Havia muito dinheiro em circulação, incentivando os altos preços;
– Substituição do Cruzado Novo pelo Cruzeiro, para que houvesse o bloqueio das contas sem ferir a legislação, já que o dinheiro seria devolvido em uma nova moeda;
– Fim do reajuste automático dos preços acompanhando a inflação passada. Investimentos, salários, preços e contratos foram congelados;
– Corte do excesso de gastos do governo. Demissão de 360 mil funcionários públicos, que gerou uma redução de Cr$300 milhões;
– Fim de incetivos fiscais para agricultura, importação e exportação. Liberação do câmbio para promover a abertura da economia brasileira. As tarifas de importação foram reduzidas, fazendo com que os produtos nacionais tivessem seus preços reduzidos à força para aumentar a competição com o mercado externo e melhorar a qualidade dos produtos nacionais;
– Criação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em cima dos ativos financeiros, ações, transações com ouro e retiradas da poupança;
– Reajuste imediato dos impostos, aplicados no dia posterior a transação, seguindo a inflação do período;
– Aumento do preço do gás, da eletricidade e dos serviços postais;
Foto: Reprodução/Internet
O Plano Collor trouxe poucas coisas boas para a economia nacional, como a redução da hiperinflação, e a entrada do mercado externo no Brasil, o que possibilitou a compra dos primeiros microcomputadores pela classe média.
O país entrou numa recessão e o Banco Central foi obrigado a financiar empresas que estavam perdendo seus recursos em decorrência do confisco. Bancos começavam a quebrar. O governo começou a liberar o dinheiro bloqueado. E quem pagou a conta? Os poupadores.
A contrapartida e o porque deste título. No segundo semestre de 1990 o Produto Interno Bruto cresceu, negativamente, em 7,8%, devido a queda da atividade econômica.
Depois de 20 anos, pessoas ainda lutam na Justiça para reaver o dinheiro confiscado. Neste período e à epoca da reforma, quantas pessoas tiveram seus planos, projetos e sonhos riscados? Quantos abriram falência, adoeceram e morreram? Sim, esse foi o resultado do maior roubo federal. E quem não entrar na Justiça até hoje, jamais vai reaver seu suado dinheirinho confiscado pelo presidente Collor e sua equipe financeira.
3 comentários:
ainda bem que publicaram na internet, para que as gerações futuras possam saber o que esses desgraçados fizeram com o povo brasileiro. Muitos velhinhos morreram de infarto ao saberem que seu dinheirinho da poupança tinha sido pego por esses filhos da puta.
Não se faz um omelete sem quebrar alguns ovos, e se o governo não tivesse feito do jeito que fez, as pessoas teriam tirado todo o dinheiro do banco antes e nada mudaria. Não estou dizendo que não foi uma medida abusiva, mas foi necessária já que na época o desafio de qualquer presidente era a redução da hiperinflação, e isso o Collor fez, se hoje temos o real e os preços estão estabilizados (por enquanto), foi por causa das medidas do mesmo. E o roubo que teve na época, não é 1/10 do que está acontecendo hoje em 2015.
excelente resposta arthur
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