Não poderia deixar de comentar um assunto que foi destaque da imprensa nesta segunda-feira, a troca de dois bebês em Goiânia, ou melhor, a destroca. Duas crianças de um ano que foram trocadas na maternidade foram entregues às mães biológicas como duas mercadorias. Simples assim. A fidelidade de uma mãe que foi colocada em cheque pelo hoje ex-marido, que não via semelhanças com o filho, foi o início de tudo. Exame de DNA realizado e comprovado o erro irreparável de uma enfermeira, foi à procura de esclarecimentos. Descobriu-se então que não era a mãe biológica do filho que por um ano tratou como sendo seu filho. A outra mãe também fez o mesmo. Criou-se o amor materno, o apego, o carinho, a sensação de proteção de ambas as partes, mãe com filho e filho com mãe. O sangue nesta ocasião é o mais importante? Não! Seria imbecilidade humana acreditar que sim.
Não estou aqui para criticar a mãe que teve a ideia de destrocar os bebês até porque não sou psicólogo, não sei qual das mães tomou a iniciativa e nunca passei por isso, ou conheça alguém que teve este sofrimento. Seria hipocrisia minha acusar, criticar ou defender tal atitude extrema. Só gostaria de expressar minha ingênua opinião, já que sei – e suponho que todos saibam – que o amor não se constrói de um dia pro outro. Não seria menos difícil, menos egoísta e menos desumano fazer esta troca de família quando as crianças estivessem maiores? A medida, talvez, ideal não seria fazer neste primeiro momento uma aproximação das famílias? As famílias moram em cidades vizinhas e não seria mais fácil criar estas crianças de um ano como sendo parentes próximos.
E a mãe que teve sua fidelidade colocada à prova, que foi acusada pelo marido e por sua família, vai perdoar e voltar com ele? Não quero entrar no mérito da questão, mas seria ignorância ou muito amor ela fazer isso. E o marido egoísta e desumano vai lhe pedir desculpas e dizer que sempre a amou? Afinal de contas o amor não nasce de um dia pro outro e, principalmente, também não morre com esta rapidez.
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