segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CRÍTICA de CINEMA

Sherlock Holmes 2: O Jogo das Sombras


O detetive britânico mais astuto e arrogante está de volta. A franquia iniciada em 2009, dirigida por Guy Ritchie (Rock'n'Rolla) e estrelada por Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) e Jude Law (Contágio) - que retornam nos papeis de Holmes e Watson - ganha sua sequência, já antecipando a pré produção de Sherlock Holmes 3. Nesta nova aventura, Holmes e Watson enfrentam o perspicaz Professor Moriaty.
A primeira produção dessa franquia, mesmo com sua singularidade, não empolgou os espectadores. Já esta, mostra que os realizadores fizeram seu homework e aprimoraram os erros cometidos na anterior, adicionando mais tempero. A direção de Guy Ritchie imprime maior confiança. Para quem conhece seus filmes de assinatura (como Snatch e Jogos e Trapaças), sabe que o primeiro Sherlock Holmes não fez justiça ao talento e no estilo underground do cineasta. Já neste, Ritchie mostra sua identidade e aplica na narrativa traços dela (narrativas em off, diálogos afinados, montagem linear fragmentada).
Ritchie se mostrou também mais íntimo do personagem em questão, ressaltando seus traços de caráter tanto na direção de seus atores quanto na trama em si. O que proporcionou ao diretor a possibilidade de se arriscar e permitir um mergulho mais sincero na atmosfera de Sir Arthur Conan Doyle. E esta intimidade e aprimoramento de Ritchie, ocasionou nos atores maior segurança e desenvoltura na atuação. A dupla Jude Law e Robert Downey Jr. se mostrou mais entrosada, com mais vontade, com energia e química melhores. Robert tem seu humor mais aproveitado tanto no roteiro quanto na direção. Em momentos em que o texto não é dito, percebe-se a naturalidade do ator em sê-lo sem palavras. As gags de Robert fazem-se necessárias na construção e seu humor ácido integram o caráter de Holmes. Sem contar seu brittish accent, que está mais natural e evidente. Mas não só na direção e atuação do elenco, o longa revela uma evolução. A montagem aplica recursos de fragmentação, o que auxilia a narrativa. Além de - em alguns momentos - abusar do humor. As sequências de ação são um show à parte, estão mais vertiginosas que o primeiro e aparecem com mais frequência ocupando grande parte da narrativa. Sem esquecer do humor. Um recurso muito utilizado por Ritchie no anterior é o slow motion, que pontuavam os pensamentos de Holmes. Neste, se faz presente em several times. Nas sequências de ação esta técnica dá um diferencial e uma mise-èn-scene interessante.
Sherlock Holmes 2: O jogo das Sombras é - além de um filme tecnicamente bem executado -, uma segunda chance de Ritchie se redimir do primeiro longa e aos fãs do detetive um presente. O terceiro Sherlock Holmes está em fase de pré produção, que os realizadores não percam o que ganharam com este.

(Thais Nepomuceno)


O Espião Que Sabia Demais


Por causa dos filmes de 007, há 50 anos estamos acostumados a associar a espionagem britânica no cinema a um ambiente elegante com carros possantes e drinks sofisticados. “O Espião Que Sabia Demais” (Tinker Taylor Soldier Spy) quebra qualquer expectativa nesse sentido com uma história mais cerebral que revela os podres da espionagem. A ironia do filme começa pelo protagonista, nada parecido com o conquistador James Bond. Smiley (Gary Oldman, de “A Garota da Capa Vermelha”), cujo nome soa algo como “sorridente” em inglês, é um homem tão inteligente quanto triste. Abandonado pela mulher, ele foca-se no trabalho. Sua missão é identificar um traidor no alto escalão da inteligência britânica. Para aumentar a tensão, a história se passa bem no meio da Guerra Fria.
Em um jogo no qual não se sabe quem está de qual lado, é recomendável prestar bastante atenção aos detalhes. O filme convida o público a desvendar o mistério junto com o convidado e nem todas as pistas são dadas de mão beijada. Algumas relações entre personagens precisam ser deduzidas. Em “Os Infiltrados” já se sabe quem são os agentes duplos e fica fácil saber por quem torcer. A situação é oposta em “O Espião Que Sabia Demais”. Portanto, o espectador ficará receoso em depositar sua confiança em qualquer personagem, já que todos são suspeitos.
O baile de máscaras apresentado na tela só funciona porque o elenco esbanja talento em suas atuações. O desempenho dos atores também é crucial para passar as informações que estão nas entrelinhas, que deixam a fita envolvente.

(Edu Fernandes)


A Hora da Escuridão


Quando vi o título do filme “A Hora da Escuridão” (The Darkest Hour), pensei logo em um thriller, ou algo vindo da categoria “terror”. O longa não passa de um trash manjado de invasão alienígena, com a diferença que a história roda na Rússia, e não nos EUA.
Os amigos Sean (Emile Hirsch) e Ben (Max Minghella) vão à Rússia para consolidar um negócio no ramo da internet, quando são passados para trás por Skyler (Joel Kinnaman). Desanimados com o insucesso na carreira, conhecem as americanas Anne (Rachel Taylor) e Natalie (Olívia Thirlby), com quem fazem uma amizade já interessada num romance. Enquanto estão dançando, a luz da cidade toda se apaga, e logo feixes de luzes alienígenas aparecem para devastar a humanidade e roubar a energia que resta no planeta.
Como eu disse, é um roteiro bem manjado, mas nos alegra com as belíssimas paisagens de Moscou e algumas cenas que de tão toscas, chegam a ser engraçadas. Não que o filme seja comédia, mas é porque é ruim mesmo. Imaginem que enquanto o bicho pega na cidade, que já está quase toda destruída pelo ataque da luz que dizima qualquer um que consiga alcançar, os jovens querem se refugiar e contar com a ajuda da embaixada americana, já que são cidadãos de lá. WTF? Alguém avisa aos garotos que o mundo está acabando, e que nessas horas os EUA sempre são sempre os primeiros a serem eliminados?
O filme tem um monte se sequências falhas, que até o mais despercebido conseguiria notar. A única diferença é que não é só os EUA que vão para o além. Até o Brasil, mais precisamente São Paulo, já foi para o saco.
A única mensagem que fica para esse filme é que se você quer investir em imóveis, compre no interior, o único lugar que os alienígenas não se interessam. Ao que parece, qualquer ataque, seja terrorista ou alienígena, só acontece em grandes capitais.

(Silvia Freitas)

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