Nesta terça-feira (18) o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou três requerimentos ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pedindo que o depoimento da ex-secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, não seja realizado na CCJ.
“Se é para ouvir a senhora Lina sobre assuntos tributários, o lugar adequado é a Comissão de Finanças. Se é sobre os supostos negócios da família Sarney, o lugar é o Conselho de Ética”, disse Jucá. “Quero deixar claro que não estou tentando evitar o depoimento da senhora Lina. O governo não teme a senhora Lina Vieira”, argumentou o líder do governo.
O presidente da CCJ argumentou que é e competência da comissão ouvir qualquer autoridade e rejeitou as propostas do peemedebista.
Foto: Agência Senado
Lina Vieira ao lado do senador Demóstenes Torres, presidente da CCJ
Nesta terça na Comissão de Constituição e Justiça, Lina, disse: “Estou aqui como cidadã para prestar esclarecimentos sobre os fatos publicados pela imprensa que denunciam a possível interferência da ministra da Casa Civil em assuntos da Receita Federal... O encontro houve e reintero a entrevista que concedi ao jornal Folha de S. Paulo. A ministra-chefe da Casa Civil me chamou ao seu gabinete e nesse encontro, a sós, me pediu para agilizar investigações sobre o filho de Sarney (Fernando). Confirmei ao jornal e volto a confirmar aqui. Não procurei o jornal. O que ocorreu é que fui procurada pelos repórteres para confirmar uma história. Não busquei, nem desejei essa exposição. Não vim a essa comissão fazer jogo de A ou de B ou alimentar polêmicas. Tudo que foi dito, voltarei a repetir em qualquer instância”.
A ex-secretária da Receita foi convocada para falar sobre o suposto encontro que teve com a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, em que ela teria pedido agilidade na fiscalização de empresas da família de José Sarney (PMDB-AP). “Falamos sobre amenidades e, então, ela me perguntou se eu podia agilizar a fiscalização do filho do Sarney. Fui embora e não dei retorno. Acho que eles não queriam problema com o Sarney”. Segundo a “Folha de S. Paulo”, Lina entendeu a mensagem como um pedido para encerrar a investigação.
A ministra nega o encontro. “Não houve a alegada reunião”, disse a assessoria de Dilma ao jornal “Folha de S. Paulo”.
Bate-boca entre PT e DEM
A reunião da CCJ começou com um bate-boca entre o líder petista no senado, Aloizio Mercadante (SP) e o presidente da comissão, Demóstenes Torres (DEM-GO). Mercadante reclamou da manobra que aprovou o convite de Lina Vieira.
“Vossa excelência quebrou um acordo ao admitir que usou a presidência politicamente e quebrou o acordo de não votar matérias polêmicas”, disse o petista.
“É uma opinião de vossa excelência. O desagrado de vossa excelência pode ser registrado, o suposto erro de minha conduta, não. No requerimento, agimos politicamente e avisamos que iríamos agir politicamente”.
O tucano Álvaro Dias (PR) defendeu uma acareação entre Dilma e Lina. “Por que querem calar a senhora Lina Vieira? Por que não ouvir a senhora Lina? Por que temer a senhora Lina? Eu concordo em adiar o depoimento da senhora Lina se o governo topar fazer uma acareação entre a senhora Lina e a ministra Dilma Rousseff”.
Sarney e Conselho de Ética
Durante a discussão sobre o adiamento ou não do depoimento de Lina senadores voltaram a falar das ações que dizem respeito a José Sarney no Conselho de Ética que devem ser julgadas nesta quarta-feira (19).
“É uma crueldade o que estamos fazendo com o presidente Sarney. Temos que dar oportunidade de o presidente se defender. Agora, quero saber se o PT vai ou não tirar os seus membros do Conselho de Ética para entrar o líder Romero Jucá e o representante do Rio de Janeiro?”, questionou Pedro Simon (PMDB-RS).
Em resposta Mercadante disse: “Espero que o senhor tenha a mesma postura no Rio Grande do Sul, para investigar a governadora”. A governadora do RS, Yeda Crusius (PSDB), é acusada de improbidade administrativa por usar dinheiro de caixa 2 da campanha de 2006 para comprar um imóvel. Ela nega as acusações.
“Senhor presidente, tinha conhecimento da tropa de choque, mas agora estou vendo que temos hoje as 'Fards': Forças Armadas da Dilma. Não estou entendendo qual o problema de ouvir a senhora Lina”, provocou o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
“Tem as Fards porque tem o 'GAS': o Grupo de Assalto do Serra”, retrucou Mercadante.
“Existe tropa de choque, sim. Porque existe um grupo de trombadinhas do poder. Sou da tropa de choque sim”, disse o governista Almeida Lima (PMDB-SE).
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