terça-feira, 18 de agosto de 2009

Oposição quer acareação entre Lina e Dilma

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) voltou a dizer que vai insistir no pedido de acareação entre a ex-secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, e a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O senador propôs a acareação durante a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta terça-feira (18) em que Lina foi ouvida sobre o suposto encontro com a ministra.
Na última sexta-feira (14) Dias disse: “Claro que a acareação seria uma batalha campal para conseguir aprovar. Mas a oposição vai cumprir o dever de propor, caso as explicações da ex-secretária da Receita Federal deixem margem para isso”.
Durante a reunião da CCJ, a ex-secretária da Receita disse que Dilma teria pedido para ela agilizar a conclusão da investigação sobre o filho de José Sarney (PMDB-AP), Fernando Sarney. Lina afirmou nesta terça que a ministra não interferiu no mérito da investigação contra o filho do presidente do Senado. Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do partido no Senado, disse que as palavras da ex-secretária mostram que não houve irregularidades cometidas pela ministra.

Depoimento

O depoimento de Lina Vieira na CCJ durou cerca de quatro horas. Ela apresentou aos senadores detalhes do suposto encontro secreto com Dilma e negou a tentativa da ministra de interferir no resultado das investigações da Receita Federal sobre as empresas da família Sarney.

Foto: Agência Senado

A ex-secretária da Receita ao lado do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), presidente da CCJ

“Estou aqui como cidadã para prestar esclarecimentos sobre os fatos publicados pela imprensa que denunciam a possível interferência da ministra da Casa Civil em assuntos da Receita Federal... O encontro houve e reintero a entrevista que concedi ao jornal Folha de S. Paulo. A ministra-chefe da Casa Civil me chamou ao seu gabinete e nesse encontro, a sós, me pediu para agilizar investigações sobre o filho de Sarney (Fernando). Confirmei ao jornal e volto a confirmar aqui. Não procurei o jornal. O que ocorreu é que fui procurada pelos repórteres para confirmar uma história. Não busquei, nem desejei essa exposição. Não vim a essa comissão fazer jogo de A ou de B ou alimentar polêmicas. Tudo que foi dito, voltarei a repetir em qualquer instância... Falamos sobre amenidades e, então, ela me perguntou se eu podia agilizar a fiscalização do filho do Sarney. Fui embora e não dei retorno. Acho que eles não queriam problema com o Sarney”, disse Lina na reunião da CCJ.
A ministra nega o encontro. “Não houve a alegada reunião”, disse a assessoria de Dilma ao jornal “Folha de S. Paulo”.
A oposição acredita que as palavras de Lina Vieira reforçam a tese de que Dilma interferiu na Receita e aguarda a manifestação de Dilma para decidir se entra com um requerimento de acareação na CPI da Petrobras.
“Claro que a gente esperava mais informações, mas não tenho dúvidas de que o encontro existiu. A solução para esse caso vai ser a acareação. Mas vamos aguardar o avançar dos fatos para propor essa matéria na CPI da Petrobras”, disse o autor do requerimento de convocação da ex-secretária, senador Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA).
“A interferência, por menor que seja, foi indevida. Ela (a ministra) não poderia se meter”, completou ACM Júnior.

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