domingo, 8 de abril de 2012

CRÍTICA de CINEMA

Espelho, Espelho Meu


Espelho, espelho meu existe alguém mais bonita que ‘Uma Linda Mulher’? Sim, a filha do Phil Collins! Dirigido pelo indiano Tarsem Singh, o primeiro dos filmes desse ano que falam sobre o universo da Branca de Neve (parece até que o personagem foi escolhido como conto infantil do ano), é uma visão maluca, porém, muito divertida desse clássico.
Na trama, uma princesa que já conhecemos de outros carnavais, resolve sair da fortaleza em que vive dominada por uma rainha cruel. Abandonada e em fuga, corre pela floresta sem destino, até conhecer sete anões (bem diferentes daqueles de outrora). Aos poucos vai virando líder dos pequenos ladrões mascarados, combatendo as ações maléficas da governante da região.
As atuações carismáticas ajudam a criar uma sintonia com o espectador. A inglesa Lily Collins (filha do famoso músico Phil Collins) passa uma paz e uma tranqüilidade própria da personagem, famosa dos contos infantis. A protagonista Branca de Neve quando sai do casulo vestida de ‘chapeuzinho amarelo’ cresce na história mas é ofuscada pela grande atuação da intérprete da rainha. Em alguns momentos, mesmo nas cenas com o foco na Branca de Neve, quando Julia Roberts não está em cena, o filme parece que não anda. Nathan Lane interpreta Brighton, o braço direito da rainha má. O famoso ator, que dá um show em “A Gaiola das Loucas” (ao lado de Robin Williams), parece improvisar muitas vezes e a fórmula dá certo em muitos momentos. Quando aparece vestido de barata gera risos de todos da plateia. Armie Hammer (que foi muito elogiado pela crítica por sua atuação no filme “J.Edgar”) faz um príncipe bobão (bem exagerado), às vezes acerta com o personagem, outras vezes não.
Julia Roberts foge do rótulo de boazinha e rouba o filme para si. Uma rainha falida que exala loucura a cada momento, sua personagem é excêntrica e adora fazer uso de magia negra em alguns momentos, além de receber um tratamento de beleza bizarro com direito a creme facial feito de bosta de papagaio. É um dos melhores trabalhos da carreira da Srta. Roberts. Ótima atuação da ganhadora do Oscar que encontra o ponto certo da personagem se tornando o grande destaque do longa, que tem o roteiro de Melissa Wallack e Jason Keller.
Tudo no filme é muito cheio de efeitos e extravagância. Cenários programados, figurino requintado, corajosos anões em pernas de pau infláveis (às vezes, parece um show circense) muitos diálogos engraçados e uma aparição de um rei no mínimo curiosa (por conta do sucesso do mesmo no mundo das séries). Importante é que a fita diverte e promete agradar a todos os tipos de público.
Nos créditos finais, o espectador vai às gargalhadas ao saber os desfechos dos corajosos anões. Ainda, nesse momento quando sobem as letrinhas, um ‘gran finale’ à La Bollywood os aguarda.
Não deixem de conferir essa nova versão, daquela famosa historinha, que escutávamos quando éramos pequenos. Indicado para toda família!

(Raphael Camacho)


Jovens Adultos


No ano de 2007, a jovem roteirista Diablo Cody (Burlesque) e o diretor Jason Reitman (Obrigado Por Fumar) realizaram um dos filmes mais aclamados daquele ano. Trata-se de Juno. O longa representou um refresh nas produções americanas, dando espaço aos jovens talentos. Cody levou a estatueta de Melhor Roteiro Original no Oscar por este trabalho. Depois dessa bem sucedida parceria, a roteirista se perdeu em produções como Garota Infernal e Burlesque; já Reitman conquistou os espectadores com a comédia romântica Amor sem Escalas. Este ano, lançam mais uma produção juntos, a comédia dramática “Jovens Adultos”.
Mavis (Charlize Theron) foi a jovem mais desejada e a mais bonita do colegial, namorou o cara mais cobiçado. Anos depois, é uma frustrada ghost writer - de uma coleção de livros para adolescentes - e divorciada. Decide voltar à pequena cidade de Mercury em Minnessota para reconquistar seu antigo amor. Essa sinopse pode ser comum em filmes americanos, mas com um roteiro assinado por Diablo Cody, tal trama não é nenhum um pouco comum.
Com uma personagem principal coberta de frustração, neurose, paranoia, alcoolismo e que se apoia numa ideia infantil para reconquistar seu ex-namorado (agora casado e com filho); estas se tornam as premissas para um longa repleto de humor seco, ácido, sarcasmo e ágil. A personalidade adolescente de Mavis pode ser comparada a de sua heroína dos livros (que tem qualidade igual a da Saga Crepúsculo). Paralelamente à sua ação, ela escreve o último livro, que pode ser confundida com ela. Pensamentos e ações da personagem Kendal, são as mesmas de Mavis.
E por sinal, a cultura pop volta como referência. A futilidade dos realities americanos tomam conta da atmosfera vazia de Mavis, que assiste programas como Keeping Up With The Kardashians e Kendra. Diálogos em off e imagens fúteis preenchem cenas de solidão da personagem. Não apenas isso, o nome de uma das Kardashians serve para sua heroína Kendal. Com um discurso que serve para mascarar sua realidade e vender alguns livros.
“Young Adults” (título original) não é apenas utilizado para identificar a personagem principal, mas também para designar a faixa etária de jovens que leem os seus livros. Jovens Adultos além de dramático, também aposta no humor ácido e ágil de Diablo, e com uma direção que aproveita o talento dos atores e a riqueza do roteiro, explorando uma trilha sonora que dá entrelinhas às ações dos personagens. Esta parceria de Diablo Cody e Jason Reitman rende bons frutos não apenas para a dupla, mas também para o cinema americano.

(Thais Nepomuceno)

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