segunda-feira, 25 de abril de 2011

Casamento Real: E eu com isso?


Foi dada largura para uma cobertura a meu ver... Desnecessária. O casamento real entre o príncipe William e a plebeia milionária Kate Middleton. Emissoras da televisão aberta e paga de vários países farão um verdadeiro escarcéu, inclusive a mídia brasileira, em frente à Westminster Abbey. Jornalísticos já mostraram e, ao longo desta semana, mostrarão os preparativos para a cerimônia “disputadíssima”, bem como seus detalhes sórdidos e capitalistas. Eu pergunto o que de bom essa cobertura – do verdadeiro jornalismo de entretenimento – trará? Não sei se o nome da estilista que fará o vestido da futura princesa Kate já foi divulgado, mas até pouco tempo este era assunto mais discutido em relação à cerimônia. A expectativa é de que 2 bilhões de pessoas assistam à cerimônia ao redor do mundo.
A lista de convidados, espantosa por sinal, é composta por 1900 nomes entre familiares, artistas, políticos e realezas. Os irmãos da princesa Diana, Sir Elton John, o casal Beckham, Rowan Atkinson (mais conhecido como Mr. Bean) estão na lista VIP. Outro detalhe, que sinceramente acho não ter a aprovação da rainha Elizabeth, é a presença dos ex-namorados de Kate e das ex-namoradas do príncipe William. Revelação feita pelo “Daily Mail”. Sabemos que a rainha é conservadora ao extremo e talvez esse seja o motivo pela sua relação com a princesa Diana não ter sido das melhores. Dois chefes de Estado importantes não foram convidados, Barack Obama e Nicolas Sarkozy, como justificativa o fato de que os seus países não fazem parte do Commonwealth (liga de 55 países que possuem laços históricos com o Reino Unido nos aspectos político e econômico). Estados Unidos, ex-colônia britânica, e França, membro da União Europeia e rival na Guerra dos Cem Anos. Teria pintado uma mágoa!? Seria este o tal motivo? Acho que não, até porque os três países enviaram tropas para lutar contra o ditador líbio, Muammar Kaddafi!
Em compensação um dos convidados para a cerimônia real é o príncipe do Bahrein, Salman bin Hamad bin Isa Al-Khalifa, que recentemente foi criticado pelo governo britânico por desrespeitar os direitos humanos no seu país. Outro convidado que segue a linha ditatorial é o rei Mswati III, da Suazilândia. O país sul-africano é um dos mais pobres do mundo e possui a maior taxa de portadores da Aids: um quarto da população adulta é contaminada pelo vírus HIV. Para quem não se recorda, Lady Di tinha envolvimento com caridade e um lindo trabalho no combate à Aids. Quanto ironia? E só para constar: a fortuna do rei Mswati III é estimada em US$ 100 milhões.
Deixemos de lado a história de conto de fadas e vamos refletir um pouco sobre a vida real. A Inglaterra ainda sofre com a crise financeira, ou pelo menos sofria até dezembro passado. É que a festa de Natal promovida pela rainha Elizabeth, a cada dois anos, para 1.200 convidados e que custaria 50 mil libras foi cancelada. A época, o jornal “The Sun” publicou a seguinte frase de um porta-voz do Palácio de Buckingham: “A rainha está profundamente ciente das circunstâncias econômicas difíceis enfrentadas pelo país”. Informações sobre o custo da cerimônia não foram divulgadas, mas é fato que ambas as famílias arcarão com as despesas. O “Sunday Times” informou que a família Middleton vai desembolsar pouco mais de 100 mil libras com o casório real. O custo extra – segurança e transporte – será pago pelo governo britânico que fez e faz cortes orçamentários para reduzir o déficit do país. A cerimônia não deve sair barata não, mesmo que a família real e o governo afirmem que será modesta. Modesta poderá ser, mas com certeza será cheia de pompa e circunstância. Só por caráter comparativo: o casamento do príncipe Charles com Lady Di, pais do noivo, custou US$ 48 milhões, em julho de 1981.
Jornalistas, formadores de opinião e a mídia em geral apontam Lady Kate como a futura princesa Diana. Lady Di com seu carisma, simplicidade, elegância foi (é) única com sua inigualável postura de princesa. Não é a toa que foi batizada pelo ex-primeiro-ministro Tony Blair de “Princesa do Povo”.

PS: Muitos de vocês, talvez, se perguntarão o porquê deste artigo se eu não tenho nada com isso, como o próprio título diz. Mas é que todo mundo fala, dá uma nota aqui, outra ali, mas só noticiam o lado do conto de fadas se esquecendo da realidade britânica, ironicamente e economicamente falando. Mas e eu com isso?
E a transmissão desta pataquada começa às 6h de sexta-feira (29).

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