domingo, 29 de março de 2009

Em Busca da Paz Interior


Estudos mostram como os estados mentais interferem na saúde. Mesmo sem saber definir a paz interior, todos querem encontrá-la. Quando buscamos o equilíbrio, contribuímos para um mundo melhor e cuidamos da nossa saúde.
Há muito tempo se sabe que pensamentos e sentimentos afetam a saúde, mas a ciência do século XXI revela que ansiedade, medo ou otimismo não são apenas sentimentos, são estados fisiológicos capazes de afetar a saúde, assim como a obesidade ou a prática de exercícios físicos. Alguns pesquisadores ligam tais estados mentais com as doenças. A pressão arterial sobe, as freqüências cardíaca e respiratória aumentam e os músculos ficam tensos, fatores que caracterizam o estresse, o mesmo envolve hormônios que podem desencadear desde uma pequena dor de cabeça até um enfarto. Tal hormônio é o cortisol, que quando o estresse é passageiro se torna benéfico e nos deixa em estado de alerta. Quando o estresse não é provisório, o cortisol circula em grandes quantidades na corrente sanguínea, aumentando o risco do acúmulo de gordura nas paredes arteriais, elevando a pressão arterial e enfraquece os glóbulos brancos, deixando o organismo suscetível as doenças.
Para combater o estresse é preciso buscar o relaxamento. Os cientistas acreditam que o corpo produz mais óxido nítrico quando está relaxado e atua como antídoto contra o cortisol, para alcançar um grande relaxamento muitas pessoas recorrem à meditação e ao controle da respiração, outras procuram no convívio social, na religiosidade e na generosidade.
Para quem não pretende fazer uma mudança brusca, existem algumas formas para encontrar a paz sem sair da cidade grande, como por exemplo, a meditação. Algumas pesquisas comprovaram que a prática de meditar aumenta a produção de endorfinas – hormônios que além de reduzir o estresse, combate as dores.
A meditação reduz a ansiedade, ajuda no combate à depressão e melhora a atenção. Existem várias formas de meditação, mas todas têm o objetivo de “esvaziar a cabeça”. A mais simples é a qual o praticante foca toda a atenção no movimento da respiração.
Um grupo de neurocientistas, comandados pelo Dr. Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin – Madison submeteu monges tibetanos a exames de ressonância magnética durante a meditação. As imagens mostraram maior utilização do córtex frontal, o eletroencefalograma apontava maior quantidade de ondas do tipo alfa – essas ondas apontam que a mente está concentrada, mas a pessoa se sente relaxada – É o oposto do estado letárgico, sonolento. Em outra pesquisa o grupo verificou que o córtex frontal de quem praticava meditação há oito anos era mais espesso. Essa é a região do cérebro responsável pelo raciocínio, pela atenção e pelo controle emocional. Os cientistas querem entender até que ponto a meditação é capaz de alterar a estrutura física do cérebro.
Uma outra pesquisa avalia também se a generosidade é capaz de produzir bem-estar, o estudo que é liderado pelo neurocientista Jorge Moll, da Academia de Ciências dos Estados Unidos, mostrou que boas ações ativam no cérebro uma região responsável pela empatia. A cooperação entre pessoas, pode ter desenvolvido um mecanismo para estimular as pessoas a se relacionar.A relação entre fé e saúde também tem sido muito pesquisada, quase 80% dos estudos apontam uma relação entre práticas religiosas e indicadores de bem-estar, como satisfação com a vida e felicidade. Os pesquisadores atribuem o resultado à sensação reconfortante de estar sob o cuidado de alguém ou de uma força superior. Isso diminuiria o estado de alerta constante, e, consequentemente, o estresse, com repercussões sobre o sistema imunológico. Segundo uma publicação científica americana, pessoas que aumentaram sua religiosidade depois de ser diagnosticadas como portadoras do vírus HIV tiveram significativa preservação das células de defesa CD4 num período de quatro anos.
Num estudo com mil pacientes internados com problemas cardíacos e pulmonares, a equipe de Harold Koenig – fundador do Centro de Espiritualidade, Teologia e Saúde da Duke University – observou que as pessoas religiosas enfrentaram melhor o estresse e se recuperaram mais rapidamente.
Muitos pesquisadores ainda vêem com desconfiança os estudos que relacionam religiosidade e saúde mental. Isso porque é muito difícil medir a intensidade da crença e isolá-la de outras variáveis que podem influenciar a saúde mental, como a rede de amigos e os cuidados com o corpo estimulado pela própria religião – não consumir bebidas alcoólicas e comer moderadamente.
Existem outros recursos para promover o bem-estar e consequentemente a paz interior. Os spas adotam terapias que prometem recarregar as baterias. Algumas academias desenvolvem modalidades voltadas para o equilíbrio – Pilates utiliza vários materiais, como uma bola de 26 cm de diâmetro, que treina a força muscular, a concentração mesclada com a respiração e o alinhamento postural; a Hidro ioga foi criada para pessoas que sentem dificuldades em realizar os movimentos da ioga, que quando feitos na água minimizam os impactos, além de deixar a musculatura flexível, já que a água fica na temperatura de 32 graus; a Prana balls é uma terapia feita com bolas de três tamanhos que trabalham com a resistência e com alongamento corporal, as aulas exercitam a respiração são mescladas com a aromaterapia; a Performance zen mistura corrida e caminhada com técnicas da ioga; a Bioantiestresse é uma modalidade que mistura técnicas de eutonia – equilibra as tensões musculares e alinha postura – com a hatha ioga – onde o praticante enfatiza o fortalecimento do corpo, permanecendo por mais tempo em uma determinada posição.
Muitos recorrem a acupuntura e a meditação, e outros cuja eficácia é controversa, como a aromaterapia e o reiki – técnica asiática de transferir uma suposta energia pelas mãos para restabelecer o equilíbrio do paciente.
Um estudo sobre o reiki foi a tese de mestrado do biólogo Ricardo Monezi na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Para ver se o efeito era só psicológico, Monezi aplicou reiki em animais. Ele utilizou 60 camundongos e concluiu que o organismo dos animais que receberam o reiki duplicou a capacidade de atacar tumores.
Essa energia que sai das mãos é um estímulo de natureza desconhecida pela Física atual. “Provavelmente o cérebro tem a percepção dessa energia e a transforma em estímulo químico, que ajuda no combate ao estresse”, diz Monezi.
Outro favor que ajuda a controlar o estresse, e que faz um grande bem um a saúde, é saber controlar a respiração. Coloque uma mão em seu abdome, abaixo do umbigo, a outra em seu peito, e simplesmente respire por alguns segundos. Se a mão que estiver sobre o peito estiver se movendo mais, você está respirando de forma errada, como a maioria das pessoas.
Uma respiração deficiente tem sido ligada a exaustão, palpitação cardíaca, ansiedade, hipertensão, dores musculares, fadiga, insônia, dificuldades de concentração e consequentemente falta de memória.
Os bebês respiram com o diafragma, um músculo que fica sob os pulmões. Quando o diafragma sobe e desce numa respiração perfeita, todos os órgãos internos – coração, fígado, pâncreas, estômago, rins, intestinos delgado e grosso, vesícula e órgãos reprodutivos – são massageados e irrigados com o sangue mais oxigenados. A respiração de forma profunda estimula o corpo, que proporciona uma sensação de bem-estar.
Os médicos estão preocupados, e observam que a maioria das pessoas não respira com o diafragma e sim com o peito.
Pesquisas comprovam que apenas ao tocar o teclado do computador faz com que a maioria da população tensione o tronco e consequentemente respire pelo tórax, aumentando assim o ritmo da respiração.
Quando caminham as pessoas contraem o abdome de forma imperceptível e passam a respirar rapidamente também pelo peito.
Porque é tão ruim respirar através do tórax? Em vez de usar os músculos respiratórios primários – o diafragma –, usamos músculos mais fracos da parte superior do corpo para expandir e contrair os pulmões, criando uma tensão crônica na parte superior das costas – ombros e pescoço.

Yoga


De origem sânscrita, a palavra yoga vem de “yuj” que significa união. Seria a junção entre o corpo, a mente e o espírito em busca do equilíbrio. Mas como falar corretamente? Alguns a coloca no masculino e usam a letra “o” com o timbre fechado. Já outros usam a palavra no feminino e o “o” com timbre aberto. Seja como for, para os especialistas no assunto todas são consideradas certas. A palavra no masculino e com timbre fechado se refere ao início de tudo, quando a prática foi criada. Com o passar dos anos, a palavra foi sofrendo modificações e passou a ser chamada de yoga com timbre aberto. Chegando ao Brasil, nova alteração. O “y” foi trocado pelo “i”, nascendo a ioga.
A prática da ioga nasceu na Índia há cerca de 5 mil anos. No Brasil chegou na década de 60, e nos anos 90 virou moda no mundo tudo.
Como toda prática zen, a ioga atua na concentração e no equilíbrio emocional, já que as posições exigem controle da respiração e atenção nos movimentos. Quando a pessoa respira adequadamente, se tem um controle dos batimentos cardíacos e se acalma. Os praticantes da ioga sentem uma sensação de anestesia, um grande bem-estar.
Os exercícios fazem com que o praticante reconheça os limites e as dificuldades do seu corpo, o que auxilia no processo de autoconhecimento.
A ioga está longe de ser uma atividade agitada. Os movimentos são feitos lentamente, é preciso se apoiar em uma determinada posição por alguns minutos, daí a importância da concentração.
As posturas – os assanas – contribuem para o alongamento e para a flexibilidade, definem a musculatura, principalmente das pernas. O abdome é muito beneficiado, já que a respiração lenta obriga os alunos a manter a região contraída durante a aula.
Para os especialistas a prática da ioga ajuda na relação sexual, deixando-a mais prazerosa, já que há posições em que a mulher tem de contrair a região pélvica. Esse movimento fortalece a musculatura dos órgãos genitais.
A prática da ioga ajuda a também prevenir diversas doenças, já que as posições abrem a energia vital, quando essa energia não flui de maneira adequada, a pessoa fica estressada e propensa ao desenvolvimento doenças. Existem assanas específicos para trabalhar determinados sistemas no corpo, que acalma e equilibra o que está desorganizado. Algumas posições estimulam o funcionamento das glândulas, outras dão força à coluna vertebral e outras ativam a circulação sanguínea. Estudos científicos apontam que a ioga pode ser ótima aliada ao tratamento de doença como hipertensão, diabetes, depressão, asma e até para prevenir o envelhecimento. A prática funciona muito bem contra a ansiedade, a ioga é uma das atividades mais indicadas para combatê-la. O equilíbrio físico proporcionado pela ioga reflete nas emoções de maneira muito positiva.
A ioga também ajuda a controlar a produção hormonal através de determinadas posições e técnicas de respiração, principalmente nos hormônios responsáveis pela menopausa.
Foram reconhecidos pelos mestres ancestrais 108 tipos de ioga. Todos os tipos têm a mesma meta, o mesmo intuito, mas cada professor utiliza suas técnicas para chegar lá.


Karma Yoga – A ioga da ação. A união de corpo, mente e espírito é atingida pelo ato de servir por meio do trabalho.

Jñáma Yoga – Conhecida como ioga do conhecimento. Os praticantes buscam o autoconhecimento por meio da meditação.

Bhakti Yoga – É a ioga da devoção. Voltada para o desenvolvimento da vida espiritual e o culto às forças da natureza, ajuda a trabalhar a afetividade.

Rája Yoga – Ocorre a suspensão dos fenômenos mentais. Os praticantes buscam mente saudável, força de vontade e concentração.

Mantra Yoga – É o aproveitamento das vibrações sonoras – os mantras – para despertar tudo aquilo que está adormecido nas pessoas.

Laya Yoga – É a ioga das paranormalidades. Desenvolve os poderes por meio de técnicas corporais, respiratórias e mantras para desenvolver a consciência do praticante.

Tantra Yoga – A energia canalizada é usada para a conquista suprema.

Existem algumas variações ocidentais:

Iyengar – Privilegia o alinhamento corporal. É o melhor tipo de ioga para quem tem problemas de coluna.

Asthanga – Ioga que mexe com o corpo físico, é baseada numa seqüência fixa de exercícios, coordenando respiração, movimento agitado e as posturas realizadas sem intervalo.

Hatha – Prioriza o tempo de permanência em cada posição e o tempo de cada aluno, visa o desbloqueio das energias.

Yoga Integrada – Mescla vários tipos de ioga na mesma aula.

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