domingo, 30 de agosto de 2009

A polêmica do Rio Madeira


A construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que fazem parte do conjunto do Rio Madeira está causando polêmica. O projeto, que faz parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), promete gerar 6450 megawatts de energia. A extensão do projeto no Rio Madeira será entre a divisa com a Bolívia até Porto Velho, somando um total de 230 quilômetros.
Na Vila de Santo Antônio, a maioria de seus 300 habitantes não faz a mínima idéia do que irá acontecer com suas famílias, já que o reservatório da localidade será de 217 quilômetros quadrados.


Além de causar um grande impacto ambiental, os mais prejudicados serão a população indígena, os pescadores e a população ribeirinha.


Para os ambientalistas o maior impacto será na sobrevivência das 463 espécies de peixes que vivem nas águas do Rio Madeira, pois haverá o impacto das turbinas nas ovas e larvas de peixes. De acordo com os estudos, não haverá alterações significativas na quantidade e na composição específica de peixes, já que estão sendo implantados mecanismos de transposição e ações de conservação. Uma espécie de boto que habita o Madeira será atingida.


O Ibama e o Ministério do Meio Ambiente desconhecem todos os possíveis impactos. O Ibama considera como principal obstáculo para a construção do complexo do Rio Madeira o acúmulo de sedimentos na barragem, o que provavelmente afetará o seu funcionamento, diminuindo assim o seu tempo de vida, além de poder provocar um rápido assoreamento, fazendo com que a área de inundação seja maior do que a estipulada no projeto inicial.
Para o Ministério das Minas e Energia, um estudo mostra que o material do fundo do Rio Madeira é formado por de grãos de areia e o rio pode fazer o transporte desses sedimentos e que o tempo de vida da usina não será afetado.
Segundo a empreiteira Norberto Odebrecht e Furnas Centrais Elétricas, empresas responsáveis pela construção do projeto, a obra gerará cerca de 20 mil empregos quando estiver no início de suas obras, mas com o tempo o número de empregos diminuirá.
Por um lado tal projeto contribuirá para o desenvolvimento do país, por outro, o ambiente será destruído. Ao mesmo tempo de que irá gerar milhares de empregos e diminuir este número conforme o progresso da construção, antes de começar as obras cerca de 5 mil pessoas serão afetadas nas várias localidades à beira do rio.


O Rio Madeira


Com extensão total aproximada de 1 450 km, o Rio Madeira, um dos afluentes do Rio Amazonas, banha Rondônia e Amazonas, trançando a divisa com a Bolívia. Nasce na Cordilheira dos Andes, com o nome de rio Beni, e em direção ao norte desce recebendo o Rio Mamoré. O Madeira chega a Porto Velho atravessando cachoeiras seguindo em direção ao nordeste.
Na época de chuvas, o nível do rio aumenta e inunda suas margens carregando troncos e restos de madeira das árvores, por isso o nome Rio Madeira.


O Projeto




O Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira é será composto por duas usinas Jirau (3.300 MW) e Santo Antônio (3.150 MW) totalizando 6450 megawatts de energia para evitar que o Brasil passe por uma escassez de energia em 2012. O investimento será de aproximadamente R$ 9,5 bilhões. As duas primeiras unidades ficarão prontas em dezembro de 2012 e a última em junho de 2016.
O consórcio Madeiras Energias S/A, após um leilão, estabeleceu as seguintes cotas de participação na construção e exploração da obra: Furnas (39%), Odebrecht Investimentos (17,6%), Andrade Gutierrez Participações (12,4%), Cemig (10%), Construtora Norberto Odebrecht (1%) e Fundo de Investimentos e Participações Amazônia Energia (20%).

Usina Hidreletrica Jirau
Início – 1/11/2009
Previsão – 15/2/2014


Impacto no meio ambiente


O espelho d’água formado será de 271 km². Do total, 40% correspondem a novas áreas inundadas. Os 60% restantes serão da própria calha do rio. O corte de 15 km² de matas para a implantação do canteiro de obras e para as novas áreas inundadas.


Como a mata não foi cortada, as árvores ficaram embaixo d’água. Os troncos que ficarão no lago, devido à decomposição, produzirão uma grande quantidade de gás carbônico e gás metano. Os reservatórios serão pequenos pelo uso de turbinas tipo bulbo, que irão gerar energia usando a maior velocidade da água.


A Hidrelétrica Balbina, no Rio Uatumã, foi construída em uma planície e como o lago é muito grande, mas a geração de energia é mínima. As usinas do conjunto do Rio Madeira terão um quarto da área de Balbina, mas vão destruir parte da floresta, deslocar famílias e inundar cachoeiras.
De acordo com a Resolução CONAMA 371/2006, 10% do valor do empreendimento será para compensação ambiental e social.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito boa o artigo sobre a usina no Rio Madeira. Parabéns meeesmo!