domingo, 24 de maio de 2009

A Vida Ativa na Terceira Idade

Durante quase toda a história da humanidade, a probabilidade de alguém chegar aos 100 anos foi de 1 em 20 000000. Hoje, em países como o Japão e a Suécia, essa probabilidade pode ser de 1 em 50.
Na infância, o ponto mais fraco do ser humano é o sistema imunológico, que precisa de muito treino para se fortalecer e por isso as crianças são mais suscetíveis às infecções. Ao amadurecer, por volta dos 30 anos o ser humano está no ápice de suas funções mentais, físicas e sexuais, mas no nível celular o envelhecimento começa a se instalar. Com a idade mais avançada, começam a surgir entre outras doenças, doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson. Mas quando um indivíduo se preserva ao longo da vida, tem menos chances de se contrair tais males que o atacam na velhice.
A visão que a ciência tem hoje das reações bioquímicas que ocasionam o desmoronamento das estruturas sadias do corpo humano é a mais completa já colocada de pé pelos cientistas. Componentes genéticos e ambientais se confundem, se somam e se multiplicam, numa cascata de inadequações que leva as células e o individuo ao envelhecimento e a morte.
As vantagens terapêuticas de enxergar os processos bioquímicos do corpo humano fizeram com que os cientistas passassem a entender que o ataque ao processo de envelhecimento tem de ser total, não basta tentar retardar um ou outro fenômeno vital, é preciso que tais fenômenos sejam monitorados e corrigidos antes de começarem a perturbar a harmonia do corpo.
As pessoas por volta dos 50 anos, começam a ter um aumento de ácido úrico, de colesterol e da quantidade de açúcar no sangue, essas alterações começam a aparecer ao mesmo tempo, essas alterações genéticas que precisam ser atacadas de uma vez.
Com o passar do tempo, ocorre no organismo à diminuição do número de células que formam a pele, o sistema digestivo, o sangue, os ossos e o cérebro. Essa diminuição é a causa da perda de massa muscular, densidade óssea e de neurônios nas pessoas de mais idade.
As células ao morrer liberam substâncias tóxicas, que resultam no aumento de gordura e deterioram a pele. O acúmulo de mutações no DNA, desorientam o comando da célula, e se torna uma das principais causas de tumores. A mitocôndria funciona com um gerador de energia para a célula, e tem seu próprio DNA que também sofre mutações e origina doenças degenerativas como Parkinson.
As células perdem a habilidade de processar o material resultante das reações químicas realizadas em seu interior, e não conseguem expulsá-lo para fora do organismo, com o passar do tempo, essas células ficam inchadas, gerando caroços nos tecidos que elas formam - o inchaço das artérias.
Por um fenômeno inverso ao da contenção de toxinas, muitas células passam a lançar para o exterior certas proteínas que normalmente ficariam em cavidades, formando bolhas que afetam o cérebro, o Alzheimer deriva justamente desse processo.
As moléculas estruturais formam os ligamentos, a parede das artérias e as lentes naturais do olho humano. Com o passar do tempo, parte dessas células se desprende e elas se colam umas às outras, provocando o endurecimento das artérias e pressão alta.
Um estudo comandado pelo geriatra Thomas Perls, da Universidade de Boston, apontou que 20% dos centenários americanos fumam, vários mantém uma dieta desequilibrada e pelo menos 10% sofreram em algum momento da vida problemas cardíacos, derrames ou diabetes. Torna-se cada vez mais claro que, nas populações e geral, a predisposição hereditária para uma vida longa e saudável tem um peso de 25% sobre o resultado final, e a responsabilidade sobre os outros 75% recai sobre o estilo de vida.
O estilo de vida inclui desde a prática de bons hábitos – evitando o tabagismo, o alcoolismo, a alimentação desbalanceada e a falta de exercícios físicos – até circunstâncias como a nutrição na infância, a qualidade da assistência médica que se recebeu, o nível de escolaridade e o ambiente em que se vive. Envelhece bem quem vive bem.
Os anciãos japoneses da região de Okinawa têm uma alimentação rica em vegetais, fibras e antioxidantes, como a soja. A comida apresenta poucas calorias, gordura e sal. A restrição calórica tem o poder de preservar a juventude do organismo. Além do controle da alimentação os idosos japoneses mantêm-se ativos, lidando com a lavoura e exercitando a mente, tocando instrumentos musicais, praticando a pintura e sendo inseridos na comunidade.


Outro fator importante na diminuição da mortalidade dos mais velhos é a participação na vida social. Comparadas com as estatísticas de nações industrializadas, a incidência de problemas cardíacos, câncer e doença de Alzheimer entre eles é muito baixa, por isso os idosos que freqüentam cinemas, restaurantes e teatros, têm uma expectativa de vida elevada, pois tais lugares possuem um grande número de expectadores.
Descobertas recentes mostram que manter uma vida intelectual regular é uma das maiores garantias de saúde, a atividade mental pode ocasionar o nascimento de novos neurônios.
Um organismo morre quando as células começam a parar de funcionar pela simples razão de que já nascem programadas para esse evento final. A morte é um fenômeno que faz parte da própria geração do ser vivo. Ainda no útero, as células de um feto humano cometem suicídios – cientificamente falando, apoptose – para criar algumas partes do corpo. Até os dois meses de gestação, os dedos em formação são ligados por uma membrana. Se as células desse conjunto não se autodestruíssem, os seres humanos teriam no lugar dos dedos, mãos em forma de pás, como os patos. Esse é um mecanismo que garante que cada bebê seja gerado à semelhança de seus pais – com duas mãos, duas pernas, dois olhos e um cérebro que comanda tudo.
O cérebro vive cometendo apoptose – do nascimento aos 30 anos de idade, uma pessoa perde cerca de 1 milhão de neurônios, numa faxina contra as células velhas, cansadas ou que estejam sem uso, isso é a principal ferramenta contra o câncer. Sem a ordem que dispara a auto-eliminação das células em determinado ponto de sua existência, elas se replicariam incessantemente, criando tumores.
A apoptose é ativada também sempre que o ataque de agentes externos – poluição, radiação e substâncias tóxicas às células – provoca mutações no núcleo ou nas ornelas celulares. Essa é a idéia que está na base da teoria do dano oxidativo, uma das mais acionadas para explicar esses fenômenos. Segundo essa teoria, o organismo envelhece porque vai se intoxicado de oxigênio. Cerca de 5% do oxigênio que o corpo absorve para transformar em energia permanece no corpo em forma altamente reativa conhecida como “radicais livres”. São moléculas ou átomos propensos a interagir com os tecidos celulares causando neles um processo de oxidação, ou seja, de destruição. Mais de 200 doenças estão associadas à oxidação.
Os animais multicelulares morrem por uma curiosa troca que fizeram em seu processo evolutivo, uma trajetória de bilhões de anos. Uma bactéria e outros animais unicelulares são “imortais”. As bactérias, como qualquer ser vivo, podem ser eliminadas por fome, desidratação, envenenamento ou pela ação de predadores. Mas elas não cometem apoptose. Esse sistema de autodestruição programada não é privilégio de seres humanos, mas de todos os animais multicelulares. O aumento na complexidade dos organismos e, depois, a adoção da reprodução sexuada trouxeram a morte celular.
Os seres vivos são escravos da vontade de seus genes, cujo único objetivo na vida é serem repassados para a geração seguinte. Uma vez alcançado esse objetivo, os genes se desinteressam se seus hospedeiros. Com a sensação de dever cumprido, eles relaxariam suas atividades de manutenção da vida, ocasionando o envelhecimento do organismo. Os seres unicelulares não se matam porque estariam dando fim aos seus próprios genes.
É no conjunto de células que residem, mais do que a aparência física ou a saúde, as qualidades que nos tornam seres humanos únicos, a personalidade, as vocações e os talentos de cada um. Foram as células trabalhando em conjunto que passaram ao homem a capacidade de desenvolver a cultura e, com ela, alterar a realidade e a natureza a sua volta. No interior de São Paulo, em Pindamonhangaba, foi criada a primeira academia voltada ao público da terceira idade, academia que fica ao ar livre é uma mistura do lazer com a longevidade.
Para ter a garantia de uma velhice sadia e aproveitar bem a terceira idade, é preciso pensar nesse período muito antes de começar a aparecer os primeiros fios de cabelo branco. É necessária a realização de exames médicos periódicos – o check-up – que são recomendados a partir dos 30 anos, principalmente para detectar doenças que não apresentam sintomas.




No Brasil, segundo levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a proporção de idosos – pessoas com 65 anos ou mais – crescerá 3,6 vezes até 2050. Em alguns países europeus como Alemanha, Bulgária, Espanha, Grécia e Itália o número de idosos já ultrapassa o número de crianças.
Quanto mais adiantado e urbanizado for o país, mais clara é a tendência dos idosos de se retirar do mercado de trabalho, com todas as facilidades que a infra-estrutura do Primeiro Mundo prevê – assistência médica, residência, ajuda com tarefas de moradia e apoio financeiro permitindo um cotidiano digno.


Os mais de 70% dos idosos de Bangladesh continuam produzindo por absoluta necessidade de subsistência. Na Bélgica apenas 2,8% dos homens entre 65 e 69 anos têm alguma ocupação rentável, os restantes 97,2% são sustentados pelo governo público.




Em muitos países europeus, a faixa etária mais crescente é de mais de 80 anos. A aposentadoria gira em torno dos 60 anos. Na Itália as pensões públicas consomem 15% do PIB (Produto Interno Bruto).


Segundo uma pesquisa realizada nos Estados Unidos a vida sexual das pessoas da terceira idade é bastante ativa, os números só não são maiores devido à falta de parceiros.




Nos países ricos a taxa de fecundidade é baixa, assim os países do Primeiro Mundo caminham para o declínio, enquanto nos países pobres a proporção que vai aumentar drasticamente é a da terceira idade. Até 2030, esses países em desenvolvimento concentrarão 71% dos idosos do mundo e, pela desestruturação social não mostram sinais de mobilização para o enfrentamento desse dilema.


No Brasil europeu (rico), os casais têm fecundidade abaixo da taxa de reposição populacional, e os idosos quando se aposentam participam dos fundos da previdência privada. No Brasil africano (pobre), a média de filhos por casal gira em torno de cinco, e os idosos fazem fila no sistema de saúde e sobrevivem devido às pensões minúsculas. Uma parte do Brasil fica mais velha e pobre, enquanto a outra continua pobre e gerando filhos em grande quantidade.
Uma grave realidade que assola os idosos é o grande número de oportunistas. No sertão do Piauí, pessoas que se passam por representantes bancários, dão golpes em alguns aposentados prometendo o sonho da casa própria, armam-se de dados e senhas de banco e realizam empréstimos em seus nomes, fazendo com que tais idosos sobrevivam por no mínimo três anos com menos de um mísero salário mínimo.


Os índices de mortalidade infantil no Brasil ainda são altos – entre 1000 nascidos, 29 morrem antes de completarem um ano de vida, no Japão a média de mortalidade não passa de quatro crianças.
A sociologia ainda não começou a tratar a questão do grande número de idosos, ou do baixo número de crianças e jovens. Mas o que irá acontecer com a sociedade que se torna predominantemente idosa? O poder de transformação dos jovens será sempre o mais forte?


Quando se envelhece a pessoa começa a se tornar mais seletiva, começa a escolher o que é melhor pra si e deixa o resto de lado.
Será que futuramente alguém dará a devida atenção aos idosos? A mesma atenção dada quando se é criança?

Cuidados em casa

Quase a totalidade dos acidentes que ocorrem dentro de casa que vitimam pessoas acima dos 60 anos de idade e resultam em fraturas são causados pela falta de atenção e de cuidados – falta de iluminação, móveis e fios fora do lugar, tapetes e pisos escorregadios, são as mais comuns imprudências.



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